Acessibilidade em eventos: palestra-desafio
O pássaro quer deixar a gaiola e voar, mas não depende exclusivamente dele... |
No dia 29 de setembro, estive
na PUC Minas para uma palestra-desafio, no curso de graduação de Turismo, como
parte das comemorações do Dia Mundial do Turismo. Fui convidada pelo Paulinho
César, do blog A Saga de Valente para, juntos, propormos o seguinte desafio, bolado
pelo Paulinho, para a turma da disciplina Eventos, comandada pelo professor
Edmundo de Novaes Gomes: Somos ricos,
ganhamos bem e ficamos em casa por causa dos riscos inerentes à nossa limitação
física. O que vocês, estudantes de turismo, poderiam propor, para que gastemos
dinheiro com turismo e eventos?
Com essa provocação, queríamos
chamar a atenção da turma para o fato de que existe um público com deficiência que
tem poder aquisitivo e vontade de sair de casa, mas não faz isso por
insegurança e medo. Essas pessoas certamente estariam viajando e participando de eventos, desde
que contassem com uma estrutura adequada às suas limitações.
Foto do Paulinho, afanada do Facebook dele... |
Paulinho já imaginava que os
alunos não cumpririam a tarefa. Assim, havia me proposto antecipadamente que, se isso ocorresse, eu falaria das viagens que faço (e que eles poderiam estar
promovendo se pensassem em trabalhar com esse público), e concluiríamos
mostrando o retorno financeiro que o setor de turismo perde por não prestar
atenção nesse mercado. Segundo palavras do Paulinho: “Tem jeito de fazer o I
Encontro pra Cadeirante nos Lençóis Maranhenses? E o I Cruzeiro no Pantanal pra
Paciente Renal Crônico?”
Chegamos diante da turma, que
não nos conhecia, e fizemos a provocação. Eu, cadeirante, e Paulinho, que
aparentemente não tem nenhuma deficiência, mas que é paciente renal crônico e
dependente de hemodiálise. Algo que me chamou a atenção logo de início é
que, ao propormos o desafio, nenhum aluno perguntou qual era a deficiência do
Paulinho, nem quais eram nossas necessidades especiais. Como criar um roteiro turístico ou propor acessibilidade em um evento sem conhecer o seu público?
Apesar de não terem chegado a criar nem roteiro, nem estrutura de evento, a experiência foi muito rica. Nós dois falamos de nossas peculiaridades como pessoas com alguma deficiência e com necessidades bem específicas. Contei sobre viagens, desafios, situações
divertidas e aprendizados, e a turma participou bastante, fazendo questionamentos e comentários.
Com o apoio e a parceria dos profissionais do turismo, as pessoas com deficiência poderão expandir seus horizontes. Preparem-se para receber notícias do mundo inteiro! |
Creio que nosso recado tenha
sido dado: há mercado para empreendedores com visão lúcida e
potencial de agir, que busquem adequar os eventos e o turismo às pessoas que têm
necessidades especiais, quaisquer que sejam elas. Em resumo: se a pessoa com
deficiência deseja ir ao Rock in Rio, a Fernando de Noronha, ao Maracanã e você
não cria
condições para isso, você está perdendo dinheiro. Depois não adianta pôr culpa na
crise, no presidente, na deficiência do seu curso ou da sua faculdade. Na
verdade, o que ficou faltando foi capacidade de enxergar a oportunidade e
agir.
Conte-me tudo, não me esconda
nada
PUC: veículos estacionados irregularmente. A foto não ficou boa, mas com esforço vc vê, entre os dois carros, o símbolo de acesso. |
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Bola-fora da PUC Minas. O estacionamento da
escola foi liberado para mim, mas, ao tentar estacionar nas vagas reservadas
para pessoas com dificuldade de locomoção, adivinhem… Isto mesmo: estavam
ocupadas. Acertaram de novo: por pessoas sem deficiência (bem, os automóveis
não estavam sinalizados com o adesivo). Mas faltou contar um detalhe. Havia
obras no local, e duas das vagas estavam ocupadas com material de construção. Paulinho agiu depressa: colou nos carros o adesivo com a
frase “Esta vaga não é sua nem por um minuto”. Saiba mais sobre essa campanha
aqui.
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Agradeço ao Edmundo de Novaes Gomes, professor
da disciplina Eventos e coordenador
do curso de Turismo da PUC Minas, por ter proporcionado a oportunidade de
falarmos sobre o assunto e, evidentemente, de os alunos estarem incluídos nessa
discussão tão importante e atual.
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Agradeço ao Luiz, que trabalha na Secretaria da
PUC, por todo o suporte que me ofereceu na noite da palestra, possibilitando que
todas as dificuldades de acesso fossem superadas. E também por ter me indicado
para a jornalista Cristina Coghi, da rádio CBN, a fim de que fosse entrevistada
no programa Papo de Viajante. Concedi a entrevista ao vivo, por telefone, no
dia 7/11. Todas essas iniciativas provocam repercussões e são mais portas que
se abrem para que a pessoa com deficiência se sinta respeitada em seus direitos
e tenha atendidas suas necessidades. Você confere a entrevista abaixo.
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Aê, Paulinho! Valeu pela parceria! Até a próxima!
Contado deste jeito, fiquei achando que a gente é gênio, Laurinha.
ResponderExcluirAdorei.
PC
Ah! Que bom que gostou! Beijos
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