Certificado Internacional de Vacinação

Unidade da Anvisa em Belo Horizonte, sem
acesso para cadeirantes e sem corrimão.
Observei alguns idosos entrando com muita
dificuldade... (Foto: Laura Martins)

Você sabia que para entrar em certos países é necessário se vacinar contra a febre amarela? E que, aliás, não basta se vacinar, mas é preciso ter o Certificado Internacional de Vacinação? E você por acaso sabe como fazer para conseguir esse documento? 

Bem, lá fui eu novamente em mais uma aventura em Belo Horizonte, a cidade onde moro. Desta vez, em busca de um posto da Anvisa para pedir a emissão do tal do Certificado. Claro, eu já tinha tomado a vacina. Você toma no posto de saúde, e depois comparece à Anvisa munido de seu cartão de vacinação.

Procurando no Google, encontrei dois endereços: um na Av. Getúlio Vargas, outro na Av. Afonso Pena. Os dois ficam relativamente próximos, mas, para um cadeirante, relativamente próximo pode ser muito longe… Nenhum dos amigos ou familiares sabia me informar se era possível ir a qualquer um dos dois postos.

Você deve estar pensando: por que não telefonou? Fiz isso, mas o telefone chama, chama, e ninguém atende. Liguei então para o 156, o número de informações da Prefeitura. A atendente confirmou o endereço da Afonso Pena, disse que não fechava para almoço e me deu um número de telefone, a meu pedido. Ainda tentei confirmar as informações com a Anvisa por telefone, afinal eu só poderia ir lá no horário de almoço e tive receio de dar com a cara na porta. Mas você acha que alguém atendeu?

Na hora H...

Felizmente, resolvi ir acompanhada, uma vez que não sabia direito como seria o acesso, nem onde conseguiria estacionar. Ainda bem que fiz isso: a Anvisa de BH fica no prédio da Secretaria Municipal de Saúde, com escada na porta! E, claro, a vaga destinada a veículos de pessoas com deficiência estava… Isto mesmo: ocupada por uma pessoa sem deficiência.

Minha acompanhante, Mary, entrou sozinha para conversar com o senhor que ocupava uma mesa na hall de entrada. Ele confirmou, educada e envergonhadamente, que não havia acesso para cadeirantes e que a atendente viria fazer meu cartão do lado de fora, na calçada! Fiquei sem ação por alguns instantes, diante do abuso: um órgão público inacessível! Então não deveriam ser os primeiros a fazer cumprir a lei?

Pois bem. Mary entrou, levou os documentos, veio do lado de fora pegar mais informações, voltou. Finalmente veio a funcionária da Anvisa. Aproveitei e protestei, fiz um milhão de perguntas, falei que iria denunciar nas redes sociais, etc. Ela foi competentíssima e mega cortês. Explicou que, embora a Anvisa seja um órgão federal, aquele posto prestava serviços ao município e ocupava um local a ele destinado pela Prefeitura. No caso, um local provisório, pois a unidade da Getúlio Vargas havia se transferido para o Aeroporto de Confins, e aquela onde eu estava (na verdade, eu estava na calçada, mas tudo bem…) seria transferida, dentro de um mês, para outro endereço. Ou seja: a culpa é da Prefeitura, pois é ela que hospeda a Anvisa.

Lista de países que requerem o Certificado

Detalhe: um cartaz na porta dizia que o órgão fechava das 12 às 13 horas. Ela me informou que de fato fechavam para almoço, mas não tinham conseguido até hoje fazer essa informação chegar ao site da Prefeitura nem ao atendimento telefônico. Por sorte, eu cheguei às 13h15. Meu Deus do céu, contar com um atendimento telefônico com esse nível de eficiência é uma catástrofe.

Pelo menos, minha aventura não foi em vão. Descobri que:

1.      O site da OMS divulga, periodicamente, a lista dos países que requerem o Certificado (clique aqui). A Anvisa tem essa lista. Veja a imagem ao lado. Mas reforço: faça uma consulta ao órgão quando precisar retirar ou renovar seu Certificado, pois a lista divulga os países endêmicos naquele momento. Outra coisa: a funcionário da Anvisa me disse que das 150 pessoas que atende, 100 vão pedir certificado para entrar em países que não o exigem. Dessa forma, aquelas pessoas que de fato precisam do documento têm que esperar o triplo... Por isso, não vá ocupar lugar na fila sem necessidade...

2.     Dentro de um mês, aproximadamente, a Anvisa de BH não mais estará no endereço onde estive. Ou seja: nem sei se vale a pena uma denúncia no Ministério Público, como me sugeriram. Mas vale visitar o novo endereço - e aí sim, fazer uma denúncia, se for o caso... Anote:

3.     Para agilizar seu atendimento, você pode se cadastrar no site do órgão: www.anvisa.gov.br/viajante. Nesse endereço, é possível fazer seu roteiro de viagem, acessar informações de saúde no mundo, conhecer as principais orientações ao viajante; informar-se sobre o Certificado Internacional de Vacinação ou Profilaxia e outras exigências sanitárias; e ainda localizar os Centros de Orientação de Viajantes mais perto de você.

Este é o meu Certificado Internacional de Vacinação

Ufa! Meu certificado virou um troféu! Coisas que acontecem com cadeirantes… O esforço é tão grande que tudo é motivo de comemoração.

Mas é preciso que isso mude. Afinal, é motivo de indignação um órgão público não ter acesso para todas as pessoas. Essa situação não pode ficar assim. Publiquei o fato no Facebook e diversas pessoas já se mobilizaram. Vamos em frente!

Atualização:

Luana Cury, funcionária da Anvisa, em comentário abaixo, teve a gentileza de informar a este blog que o Centro de Orientação ao Viajante (COV) está de endereço novo desde 11/6/2012.

O novo COV de Belo Horizonte fica na Rua Paraíba, 890, Bairro Funcionários. O telefone é o (31) 3246-5026 e o horário de atendimento é de segunda a sexta, das 9h às 12h e das 13h às 17h.

Segundo Luana, o prédio possui duas entradas: uma com escada e uma por rampa, que dá acesso à sala da Anvisa. Há vaga para pessoas com mobilidade reduzida em frente ao prédio, e banheiro acessível dentro do prédio.