Londres para pessoas com mobilidade reduzida
Vivi Paixão e a filha em Londres |
O post de hoje foi escrito pela minha amiga virtual Vivi Paixão. Eu a conheci horas antes de sua viagem, quando ela entrou em contato comigo por e-mail. Achei curioso quando vi em minha caixa de entrada uma mensagem que trazia no campo "Assunto": “Quero ser uma cadeira voadora”.
Ao ler
o conteúdo, me enchi de ternura por aquela companheira que se autodenominava
uma “cadeirante de ocasião”, já que se locomovia sem auxílio, mas, nas crises
provocadas pelo lúpus, precisava usar cadeira, bengala,
muleta ou andador, dependendo das circunstâncias.
Ainda com medo de partir para a viagem que se aproximava, por conta
da última crise que a deixara sem conseguir pisar por dois dias, ela encontrou meu
blog, o que lhe deu coragem de seguir em frente. Então, como se beneficiou
tanto com as histórias compartilhadas aqui, lhe pedi que dividisse conosco suas
aventuras em Londres. Eis o resultado! Obrigada, Vivi!
Londres por Viviane Paixão
Olá, pessoal! Tudo bem? Conheci o blog através de uma busca no Google, na véspera de minha viagem a Londres, quando estava quase desistindo de ir. Depois de ler as experiências relatadas no Cadeira Voadora, fiquei toda motivada!!! Decidi então que sim, EU POSSO SER UMA “CADEIRA VOADORA”! E parti com minha filha de 14 anos pra nossa viagem! =D
Londres preparada para as Olimpíadas. Foto: Vivi Paixão |
Meu nome é Viviane, tenho 44 anos e tenho lúpus eritematoso sistêmico desde os 12 anos de idade. O lúpus é uma doença do colágeno, tratada pelo reumatologista. Como o colágeno está pelo corpo inteiro, pode agredir diversos órgãos, como células do sangue, rins, pulmões, coração, ossos, vasos sanguíneos, etc. A doença tem fases agudas e de melhora, e esses anos me deixaram com algumas sequelas, como acometimentos nos pulmões e no coração.
Me
canso fácil. Significa que subir um lance de escada ou andar uma quadra é cansativo
pra mim; tenho que parar no caminho pra descansar e “respirar”. “Ganhei” uma
prótese no joelho esquerdo (a qual já troquei 4 vezes). Consigo andar sem
auxílio de muletas ou bengalas, porém, quando fico com quadro de dores ósseas e
ou musculares, necessito de auxilio para locomoção, inclusive cadeira de rodas.
Mas
vamos falar da viagem. Minha filha fará 15 anos e, de presente de aniversário,
pediu para conhecer Paris! Como meu sonho era ir a Londres, aproveitei o embalo
para conhecer os dois locais. Só que… às vésperas da viagem, fiquei com uma dor
intensa na perna: foi diagnosticado um infarto ósseo. Nos primeiros dias não
consegui andar. Estava 60 % melhor até um dia antes da viagem; porém, a
insegurança e o medo eram enormes!!! Além da bengala, precisaria de cadeira de
rodas. Será que iriam me entender, me ajudar?? E se eu piorasse e precisasse de
um hospital?? Entrei em contato com a agência de viagens e pedi que reservasse
cadeira de rodas nos aeroportos. Reli o seguro-saúde que fiz para viagem e imprimi
pra levar comigo, fiz as malas... e parti pra aventura!
Saímos
de Salvador (Bahia) viajando pela TAP e fomos para Lisboa, onde fizemos a
conexão. Os aeroportos da Europa são enooooooooooormes. O atendimento à pessoa
com deficiência é espetacular!!! Há uma equipe só para esse fim, são
extremamente educados, prestativos e simpáticos; me senti completamente à
vontade. A distância de um portão de embarque a outro é tão longa que com
certeza não chegaria a tempo para pegar a conexão sem essa ajuda! Portanto,
fica a primeira dica: caso tenha dificuldades para se deslocar, não se acanhe
em pedir auxílio.
Vivi e a filha em Paris, com a Torre Eiffel ao fundo |
Nossa
primeira parada foi Paris, onde ficamos alguns dias e seguimos para Londres de
ônibus pelo norte da França. Fizemos uma parada no Bunker de Eperlecques. Trata-se
de uma antiga base para lançamento de foguetes (mísseis) na Segunda Guerra Mundial.
O local foi todo preservado e fica no meio de uma floresta, em uma comunidade
agrícola. Atualmente é um local de memória. Impressionante e autêntico, nos faz
pensar no mundo de hoje e nas nossas atitudes. O local é simples, tem uma
pequena loja de lembranças, banheiros adaptados, e todo o trajeto é asfaltado e
largo, com um ligeiro aclive, mas que permite o acesso ao cadeirante. Vale a
pena conhecer!
Você já tinha ouvido falar nesse bunker? (Imagem do Google.) |
Bunker de Eperlecques. Foto: Vivi Paixão |
Chegamos ao Canal da Mancha. Passamos pela pequena e apertada alfândega e sua longa fila. A travessia até a Inglaterra dura em torno de uma hora e meia. O ferry-boat, na verdade, é um navio que tem espaço pra 900 veículos, elevador, escadas, 3 ou 4 andares, lojas, praça de alimentação, área externa, fliperamas. Enfim: essa hora e meia passa rapidamente.
Como fui em período de férias, tinha fila e estava cheio, mas conseguimos almoçar e circular por lá sem dificuldades. Utilizei a bengala, pois as distâncias eram curtas. Não questionei, porém acredito que, assim como as bicicletas entram antes dos veículos, deve acontecer o mesmo com as cadeiras de rodas. Os veículos, tanto carro quanto ônibus, ficam extremamente próximos; por isso, tivemos que sair em fila indiana do estacionamento para dentro do navio, e esse pequeno espaço não permite a passagem de uma cadeira de rodas. Portanto, melhor se informar ANTES de embarcar.
Paredes
brancas de Dover à vista: bem-vindos à Inglaterra!!! =D Seguimos viagem, e
finalmente... LONDRES!!
Fotocolagem bacana feita pela Vivi |
Gente:
ameeeeeeeiiii Londres!!!! Estive lá na primeira semana de julho, às vésperas
das Olimpíadas. Os ingleses são extremamente simpáticos, educados e amáveis. O
horário lá É INGLÊS, SIM! Háháháhá Até os pontos de ônibus dispõem de um painel
digital informando quantos minutos e segundos faltam para seu ônibus chegar...
E ELE CHEGA EXATAMENTE NO HORÁRIO!! INCRÍVEL!!! Espanta qualquer brasileiro! O
ticket é comprado na máquina no ponto de ônibus, mas o dinheiro tem que ser
trocado, e a passagem custa £2,30. Tenha sempre moedas!
Dover e Canal da Mancha |
Londres
é formada pela City, que é o centro financeiro, e pela Grande Londres. Nas
ruas, esses limites são sinalizados por um pequeno dragão (veja a foto).
Os limites são sinalizados por um dragão. Foto: Vivi Paixão |
A maneira
mais prática e econômica de conhecer Londres é através do BigBus, um ônibus de
turismo que percorre os principais pontos turísticos e dispõe de tradutor para
alguns idiomas. Os
tickets para acesso aos inúmeros locais de visitação são vendidos em vários
pontos, inclusive no BigBus, sendo que o passeio de barco pelo Rio Tâmisa é
brinde.
Faça
sua programação e compre antecipadamente, pois em alguns locais as visitas são
em grupos e ocorrem com horário marcado, como é o caso do Palácio de
Buckingham, a residência oficial da família real britânica. Como em todo
palácio, as salas são intermináveis e lindas de morrer!!! O porém é na saída,
que é através dos jardins do palácio (depois de passar por uma “lojinha”... háháháhá).
Isso significa uma bela de uma caminhada. Mas há bancos em todo o trajeto. Fui
descansando ao longo do percurso, até finalmente chegar na rua. Às 11h30
acontece a Troca da Guarda, em frente ao palácio. O local estava infestado de
“bichos turistas” como eu; então, não consegui ver nada!!!!
De lá,
fomos ao Museu de Cera Madame Tussauds. Bastante interativo e muito legal,
imperdível... e FIZ MINHA FOTO COM A FAMILIA REAL !!! hehehehe
Foto com a família real no Madame Tussauds |
Além
dos personagens, o museu dispõe de atrações como cinema 4D e um divertido
passeio nos táxis de Londres sobre trilhos, o Spirit of London, que conta um
pouco da história de Londres através de cenários. Como os “táxis” seguem
lentamente e não param (o embarque é feito com eles em movimento), pessoas com
alguma dificuldade devem se dirigir ao staff .
Falando
em táxi, eles seguem um padrão: cabem 4 pessoas, duas de frente para outras
duas, e são espaçosos. Circulamos por quatro dias em Londres, entre suas
construções antigas e medievais. É uma cidade encantadora! À beira do Rio
Tâmisa estão vários pontos turísticos, como o famoso relógio Big Ben, no
Palácio de Westminster, sede do parlamento, o Mosteiro de Westminster Abbey,
uma catedral gótica onde acontecem os casamentos da família real, inclusive do
Príncipe William e de Kate.
Em
contraste com essa antiguidade que é de arrepiar, a incrível London Eye! É uma
roda-gigante de 135m de altura, com cápsulas de vidro onde entram 25 pessoas,
projetada pela aeronáutica. A volta toda dura 30 minutos e é muito lenta, você
mal percebe que está se movendo; proporciona uma vista fantástica do centro de
Londres. Após a compra do ingresso, é passado um filme em 3D para ter a
sensação da altura, e, então, você é encaminhado ao passeio. Mas não tenho como dizer se é acessível, porque não andei nela: tenho medo de altura!
Passamos
pela Picadilly Circus e Oxford Circus, famosas pelas suas lojas. Ainda que você
não faça compras, vale muito a pena visitar a Harrods e a Selfridges, as
maiores lojas de departamento da Europa, circular entre as grandes marcas e
admirar simplesmente tudo, do piso ao teto. Aliás, como toda Londres. Vale muito
a pena ir... e voltar!!
E, pra
terminar a noite, um jantar descontraído no bairro Soho, ou em algum pub da
city!
Enjoy London!!... porque essa cidade é um sonho!! Bjs!
Nota do blog:
Fique atento ao fato de que este post é de 2012. Muita coisa pode ter mudado. Por isso, sempre procure informações atualizadas antes de se dirigir aos locais mencionados.
O Cadeira Voadora está em novo endereço, com outros posts sobre Londres.
www.cadeiravoadora.com.br
Nos vemos por lá!
Enjoy London!!... porque essa cidade é um sonho!! Bjs!
Nota do blog:
Fique atento ao fato de que este post é de 2012. Muita coisa pode ter mudado. Por isso, sempre procure informações atualizadas antes de se dirigir aos locais mencionados.
O Cadeira Voadora está em novo endereço, com outros posts sobre Londres.
www.cadeiravoadora.com.br
Nos vemos por lá!
Laura,
ResponderExcluirEstou preparando para uma apresentacao em Fortaleza sobre os legados acessiveis e inclusveis dos jogos esportivos como a Copa, e Olimpiadas/Paraolimpiadas. Tinha nova idea.
Pq nao lancamos uma campanha sediar os grandes congressos internacionas de PcD nas cidades que sediam jogos grandes (Copa, Olimpiadas, Commonwealth Games) exatamente no ano DEPOIS dos jogos?
Aquele ano o numero de turista sempre diminue.
Quer dizer que se viermos vamos ser MAIS importantes que usualmente.
E podemos demontrar que os invesimentos deles na infraestrutura valeu.
Outra coisa, estar presentes imediatamente depois garantiza que o municipio continua manter a infraestrutura acessivel.
Your feedback on this idea?
Scott Rains
Sensacional! Adorei a ideia! Conte comigo para colocá-la em prática. Abraços
ExcluirVivi, estou indo para Londres no dia 26 de agosto. Pretendo conseguir ingressos para ver a cerimonia de abertura das Paraolimpiadas. Adorei suas dicas. Sou cadeirante e amo viajar. Só não tenho muito vontade de viajar pelo Brasil, pois infelizmente tudo é abusivamente caro e os acessos prá lá de precários.Bjs
ResponderExcluirQuero ir tambéééém...!!!! hehehehe Senti que os ingleses estão se empenhando muito para "fazer bonito" nas olimpíadas,em termos de hospitalidade! Quando vejo os pacotes turísticos pelo Brasil dá até uma tristeza saber que sai mais barato viajar para admirar as belezas de outros países e não do nosso! Como adoro minha cidade natal ,minha sugestão pra você, caso ainda não conheça, é ir pra Curitiba! É uma cidade com um bom planejamento urbano e facilidade de acesso a vários lugares! Vale a pena! =D Aproveite Londres ao máximo!! Tenho certeza que vai adorar!!! Boa viagem!! Bjs!
ExcluirE aí, amiga!!! Adorei tudo o que escreveste!! Fiquei com MUITA vontade, vou me organizar para ir com meu Pedro!!! Bjos Cleusa
ResponderExcluirGostaria de deixar uma dica muito boa transfer /City tour com uma equipe de brasileiros.
ResponderExcluirwww.queenelizabethtur.com.br