Gramado (RS) – Um passeio possível para cadeirantes
Vale do Quilombo, em Gramado (Foto: Laura Martins) |
Gramado é uma cidade irresistível; sempre tive vontade de
morar lá. Fica no Rio Grande do Sul, distante cerca de 2 horas da capital,
Porto Alegre.
A Europa se faz bastante presente na cidade, nas faces dos
moradores de origem alemã e italiana, na arquitetura, na culinária, nas
temperaturas baixas, na organização.
A cidade está sempre limpa, florida, impecável. As pessoas
são educadas, os motoristas param para atravessarmos. Para completar, as
paisagens são belíssimas. E a cereja do bolo: boas marcas de chocolate locais fazem
a nossa alegria, mas são a nossa perdição!
Visitei a cidade duas vezes. A primeira, há quase 20 anos; a
segunda, em 2009. Ainda não tinha feito um post a respeito neste blog, porque
as informações estariam desatualizadas.
Palácio dos Festivais, onde tem lugar o Festival de Cinema de Gramado. |
Então, semana passada entrou em contato comigo Luiza
Marques, através de um comentário no post Quem sou eu. Ela é de Brasília e tem
uma filha cadeirante, a Andreia, que é servidora do STJ. Luiza me contou que elas estiveram em Gramado
no início deste ano; então lhe perguntei se gostaria de escrever um relato para
o blog. Ela aceitou!
Dessa forma, a seguir vocês compartilharão da viagem de
Luiza e Andreia, que tem 28 anos e artrite reumatóide juvenil (ARJ) desde os 8
meses, o que a impede de caminhar. Vamos ver como elas se viraram na Serra
Gaúcha?
Aproveitarei, então, as
dicas atualizadas das duas para inserir, depois do relato delas, fotos e informações sobre a minha
visita à cidade!
Obrigada pela contribuição e parabéns, meninas!
Andreia é cadeirante de Brasília, onde é servidora do STJ |
Aventura na Serra Gaúcha
Luiza Marques
Chegamos a Porto Alegre no domingo (17/2/2013) por volta de
12h30. Tínhamos contratado serviços da HS Turismo, de Gramado. O motorista Mauro,
bastante educado e atencioso, já nos aguardava. Depois da paradinha no banheiro,
fomos para Gramado. O carro era uma Zafira bem conservada.
Depois do check-in
no Hotel Serra Azul (gostei muito, apesar dos tapetes), decidimos ir ao Café
Colonial Bela Vista (com acesso e sem banheiro adaptado). Tem outro do mesmo
proprietário totalmente adaptado que fica um pouco mais distante. Como era tudo
que faríamos naquela tarde, usamos táxi (em Gramado eles não têm gás no
porta-malas).
Mãe e filha aproveitando a vida no café colonial |
Na segunda-feira contratamos um carro econômico (Prisma) com motorista na própria HS Turismo. Motorista super atencioso e pontual (Carlos), que nos acompanhou durante nossa estada na Serra. Fomos ao Mundo Encantado (acesso razoável em seu interior, com algumas rampas um pouco íngremes); aos Museus de Cera e da Harley&Davidson; ao Parque do Caracol [em Canela, cidade vizinha], onde colocaram um elevador panorâmico, que nos leva a um mirante de onde podemos ver todo o parque, a queda d’água etc.
Elevador panorâmico no Parque do Caracol |
Fomos também ao Mini Mundo, cujo acesso era por uma porta lateral, mas sem maiores problemas. Algumas partes são intransponíveis, mas dá pra se ter uma boa visão do local e da ideia do seu criador.
Sempre voltávamos ao hotel para almoço, banheiro etc. e, por
segurança, Andreia usava calça higiênica Plenitud, pois tem boa absorção e
libera um pouco da dependência de banheiro.
Na terça, fomos até a cidade de Nova Petrópolis e fizemos um
passeio no Parque Aldeia do Imigrante. Tem o carrinho elétrico que leva até a
Aldeia, o caminho é bonito, mas o acesso no local é um pouco complicado
(precisei dos braços fortes do nosso motorista).
Andreia no carrinho elétrico do Parque Aldeia do Imigrante |
Na quarta, passeamos a pé no quarteirão do hotel, mas para mim foi um pouco cansativo subir as ruas com inclinações quase imperceptíveis. [Eu, Laura, posso garantir que não é fácil…]
Passeamos na Maria Fumaça. Visitamos o show-room da Tramontina (visando fazer um lanche e usar o banheiro
para deficientes) em Carlos Barbosa (de onde sai o trem). A estação é pequena e
precária, mas tem rampa. O acesso ao trem é feito numa rampa de ferro bem legal
e antiderrapante e numa cadeira de banho de 40cm, na qual eles colocaram uma
almofada. Essa cadeira é usada pelo fato de a porta ser muito
estreita (afinal, o trem é de 1941). Os lugares reservados para cadeirante têm
mais espaço entre as poltronas. A cadeira de rodas ficou com o motorista, que
nos encontraria no nosso destino, Bento Gonçalves. Não tivemos problema quanto
a isso.
No Mundo a Vapor |
Na quinta fomos para Porto Alegre com o mesmo motorista da Zafira, e ficamos no Hotel Blue Tree Premium (na Bela Vista). Apartamento excelente, banheiro regular e cadeira de banho com encosto rasgado, enferrujada, sem braços e freios. Além de reclamar com a gerência, deixei uma queixa por escrito e postei no Facebook. Absurdo. Restaurante do hotel muito bom e rápido, se pedir a sugestão do “chef”. À noite fomos à Churrascaria Galpão Crioulo (acesso bom e churrasco delicioso) para assistir ao Show Gaúcho. Bem legal.
Na sexta fizemos um tour pela cidade (cheia de ruas muito
íngremes) e almoçamos no Shopping Iguatemi, próximo ao hotel. À tarde fizemos o
passeio, de aproximadamente 1 hora, no Barco Cisne Branco (acesso por rampa e
sem banheiro adaptado). Pessoal muito legal. No final do passeio, as pessoas
quase passavam por cima da gente, mas um marinheiro grandalhão bloqueou a
passagem para desembarcar minha filha antes dos demais – ADOREI!! Em Porto Alegre
usamos basicamente dois táxis (tem que pedir SEM GÁS).
A Cadeira Voadora em Gramado
Laura Martins
Conforme expliquei acima, vou acrescentar algumas informações
sobre a viagem que eu e minha família fizemos a Gramado.
Como a Andreia e a Luísa, nós também contratamos carro com motorista. Éramos quatro
pessoas; por causa disso, o preço por pessoa acabou sendo equivalente ao que
pagaríamos por um transfer em ônibus
(fiz a cotação e me surpreendi com isso). Então, não deixe de fazer uma
pesquisa de preços!
Tivemos a felicidade de contratar os serviços de Sandro
Markowski, que tinha uma Zafira, carro mega confortável e com amplo
porta-malas. Na época, ele integrava a Companhia da Serra, e os contatos eram (54) 9946-9247/3286-2815.
Excelente motorista e excelente guia, com preço justíssimo. Acabou se
transformando também em babá de cadeirante…
Villa Bella. Foto de quem? Não me lembro... |
Hotel
Ficamos no Villa Bella Gramado Hotel, por sugestão do blog Mão na Roda (clique aqui e aqui para ver os posts).
Fica no belíssimo Vale do Quilombo. Só a vista que se tem
das varandas e do deque já vale a estadia!
Tem bom acesso para cadeira de rodas, desde que você chegue
e saia de automóvel. Não dá para sair do hotel a pé, porque ele se localiza
numa ladeira.
Fica um pouco distante da cidade (1,5 km); porém, para
compensar, disponibiliza transporte em horários definidos, várias vezes ao dia,
de ônibus (para andantes) ou Kombi. Mas, infelizmente, esta não oferecia a
segurança necessária para uma pessoa com deficiência. Achei meio improvisada; a
rampa era insegura, e não havia cintos de segurança.
Esse
transporte é gratuito, mas é realizado somente do hotel até a Rua Coberta – e
vice-versa. Mas é suficiente!
Se você quer sentir frio em Gramado, as jacuzzis do hotel não são um bom lugar. |
Na
área de lazer, tem piscina com elevador para cadeirantes e três jacuzzis
tamanho família, sendo uma no deck com vista panorâmica para o Vale. Quem
precisa de mais?
Gostamos bastante, apesar de que, à época, o apartamento
para cadeirantes tinha varanda, na porta da qual a cadeira de rodas não
passava!!! Sem problemas. Há outras
varandas por lá…
A
cidade
Em Gramado, batemos ponto todas as tardes no Atelier do Café, para fugir do frio de 4 graus tomando alguma bebida bem quente. Do lado
de fora, a chuva, a neblina, o clima gostoso da cidade…
Lá fora, 4°. No Atelier do Café, aconchego total. |
Muito charmoso, né? |
Atelier do Café
Largo Cláudio Pasqual, 55 – Loja 01
Fone: (54) 3286 1029
Largo Cláudio Pasqual, 55 – Loja 01
Fone: (54) 3286 1029
A cidade acolhe bem os visitantes que vão em busca de
descanso, passeios, compras e gastronomia. Mas, à época, muitos locais ainda
não ofereciam acesso para cadeirantes, infelizmente. Basta, porém, trocar esses
locais pelos que oferecem acesso, é claro!
Ulysses em frente a um restaurante com um estacionamento de vassouras. Adoramos! |
É ótimo circular pela Rua Coberta, conhecer o Palácio dos
Festivais (onde ocorre o famoso Festival de Cinema de Gramado), visitar as
lojas que vendem maravilhosos chocolates fabricados na região. O Sandro nos
levou para visitar a fábrica da Prawer (leia-se “Práver”), que, na minha
opinião, são os melhores de lá. Saímos com a sacola cheia de coisas sedutoras e
deliciosas. Uma perdição.
Na "calçada da fama" de Gramado, as mãos do grande Selton Mello. Viva a cidade do cinema! |
Vamos combinar: o outono é mais bonito em Gramado |
Gramado
acessível
Ficamos agradavelmente surpresos ao encontrar banheiro público adaptado e limpo no centro da cidade, na Av. Borges de Medeiros, no
subsolo da Praça Major Nicoletti. Fica abaixo do Centro de Informações
Turísticas, tem portas largas e barras de apoio.
A visita ao GramadoZoo é possível para cadeirantes, e vale a
pena. No local, espécies em extinção recebem cuidados especiais para reprodução
e pesquisa. Durante o percurso de 1.200 metros, o visitante recebe
informações através de muitas placas ilustrativas. No lugar das grades e
jaulas, hávidros blindados e enormes viveiros cuja promessa é reproduzir o habitat das espécies.
GramadoZoo |
Placas informativas no GramadoZoo |
Na época, a compra do ingresso dava direito ao transfer ida e volta.
Também vale a pena visitar o Lago Negro. É uma bela
paisagem. O acesso ao banheiro é feito por uma rampa muito íngreme, mas
possível de ser escalada com auxílio.
Lago Negro |
Gramado
inacessível
Na minha experiência na cidade, a bola-fora foi a Aldeia do
Papai Noel, onde fomos atendidos por uma moça que não tinha o menor preparo
para a função. Quando, diante da roleta, perguntei onde se localizava a entrada
para cadeirantes, ela “informou” que não havia. Questionei como eu faria para
entrar. Ela respondeu que a única possibilidade seria saltando a roleta (?!),
que era a forma como os pais faziam com carrinhos de bebê! Você ficou chocado?
Nós também. Imediatamente pedi para falar com o gerente. Era uma mulher, que me
conduziu a um portão lateral, por onde entramos sem nenhuma dificuldade…
Cama do Papai Noel |
Fábrica do Papai Noel: onde ele responde as cartas e envia os brinquedos |
Contudo, a Aldeia não tinha nenhuma condição de receber
pessoas com mobilidade reduzida. Só consegui circular por lá – entre as pedras
do calçamento, as escadas, ladeiras e subir no trenzinho – por causa das almas
boas que me acompanhavam, que me carregaram quando foi preciso.
Um absurdo, considerando a quantidade de idosos, carrinhos
de bebês e crianças que eles também recebem, principalmente no fim do ano, para
o Natal Luz. Coisa de gente sem-noção. Espero, sinceramente, que a situação
tenha melhorado, porque o passeio é bacana para aquelas pessoas que têm
criancinhas saltitando dentro de si.
Castelinho do Caracol |
Canela – bem pertinho
Fomos também visitar Canela, cidade vizinha, super perto. Na estrada, paramos para visitar o Castelinho
do Caracol, com sua linda paisagem de outono. Não dá pra entrar na casinha, mas
o passeio pelo lado externo vale a pena.
Após, fomos visitar o Parque do Caracol, no qual o
cadeirante consegue se locomover, mas com auxílio.
Castelinho do Caracol |
Parque do Caracol, com a cascata ao fundo |
Parque do Caracol |
Em resumo: pode ir sem medo. E vá correndo, especialmente se
você gosta de belas paisagens, gastronomia, elegância, educação, charme e
chocolate!
Laura MartinsAutora
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Laura MartinsAutora
Nossa Gramado e Canela ,é tudo de bom estou sempre por lá,e anoita é maravilhoso,e pra cadeirante como eu o Bill Bar e Harley são acessiveis!!bjss
ResponderExcluirQue legal, Aldrey! Dá vontade de morar lá, né? Beijos!
Excluiroi meninas gostaria de conhece vcs para sabe mas sobre essa cidade, estou querendo passa uns dias lá
ResponderExcluirOi, Tiago! Estamos à disposição para responder suas perguntas! Abs
ExcluirOlá Laura.
ExcluirMinha dúvida é em relação ao passeio uva e vinho e trem maria fumaça.
Irei agora em março com meu esposo, estou planejando a minha viajem, porém ainda não me convenci se vou fazer mesmo este passeio, estou achando bem caro e tenho medo de não gostar e me arrepender,são 300 conto assim tem que valer a pena kkkkk . Pode me contar sua experiência e se realmente vale a pena?
Oi, Lais, tudo bem? Seja bem-vinda!
ExcluirQuem fez o passeio de maria-fumaça não fui eu, mas a Andrea e a Luiza! Se vc desejar, posso entrar em contato com elas e perguntar.
Vamos fazer uma coisa? Que tal vc acessar a página do Cadeira Voadora no Facebook e repetir este seu comentário lá? Aí, eu marco as duas e peço para elas descreverem melhor o passeio!
Basta vc clicar no coração com o símbolo do Facebook que aparece nesta página, no alto, à direita.
Aguardo vc!
Bjo e obrigada pela visita.