Táxi acessível em São Paulo

Um táxi acessível visto por trás. (Imagem do Google)

Não tenho necessidade de utilizar táxis acessíveis. Minha cadeira é manual, se dobra facilmente, e eu faço transferências sem nenhuma dificuldade. Mas, nesta última viagem a São Paulo, estava determinada a utilizá-los, a fim de dar notícias aqui no blog.

Em Belo Horizonte, minha cidade, atualmente há 1 táxi acessível (! ) e a promessa da BHTRANS de colocar em circulação mais 60

Já havia utilizado um Kangoo acessível em Paris, em 2008, e achado o transporte muito seguro e confortável. Queria ver como seriam os carros no Brasil…

Pesquisei no São Google e achei o site Táxi Acessível (clique no nome para ser redirecionado). Trata-se de um radiotáxi que reúne táxis acessíveis pertencentes a várias frotas da cidade. Foi uma ideia feliz reuni-los, mas o atendimento telefônico deixa a desejar, como você verá.

Telefonei de Belo Horizonte para confirmar as informações do site – aliás, muito esclarecedoras, mas uma mulher prevenida vale por duas: não custa nada ligar antes. Então, como eu iria chegar a São Paulo sozinha, decidi agendar um carro para me buscar no Aeroporto de Congonhas. Manifestei à atendente a minha preocupação com os atrasos frequentes no transporte aéreo e perguntei o que aconteceria se o voo não chegasse no horário. Ela respondeu que os taxistas se informavam com a Infraero antes de ir para o aeroporto e que o motorista ligaria o taxímetro apenas quando eu estivesse dentro do carro.

Quando a aeronave aterrissou, até que o ambulifit chegasse e eu passasse pela esteira para apanhar minha bagagem, atrasei-me cerca de 15min com relação ao horário que havia agendado (o voo chegou na hora, mas calculei mal o tempo que gastaria). O taxista me esperava do lado de fora do aeroporto com o taxímetro ligado. Questionei. Nessa hora descobri que a atendente havia me fornecido informações incorretas. =(

Tome nota do que o motorista me explicou: não é necessário agendar táxi para buscá-lo no aeroporto. Há carros acessíveis na fila dos táxis. A moça poderia ter me contado isso, não é mesmo? De qualquer modo, em minha opinião, se é dia de muito movimento (feriado, por exemplo) e você tem dificuldade com os táxis comuns, então talvez valha a pena correr o risco de haver atraso do voo. Nesse caso, agende o táxi com uma margem de segurança (lembrando que pode não haver finger disponível, e o ambulifit demorar para chegar).

A tarifa dos táxis acessíveis é a mesma daquele que você pega na rua, mas a companhia cobra uma taxa de chamada, adicional ao valor total da corrida, equivalente a R$ 4,10. Para solicitações agendadas, o valor da taxa adicional é de R$ 8,20. Você encontra essas e outras informações importantes no site.

Acho fundamental que esse tipo de transporte esteja disponível. Quem usa cadeira motorizada, por exemplo, precisa muito dele. Mas se você se vira bem com um táxi comum, talvez não compense pegar o acessível, que, no Brasil, utiliza Doblòs adaptados. Explico por quê:

·        Tenho bom equilíbrio de tronco, e mesmo assim me senti insegura. O cinto de segurança não me ofereceu a estabilidade necessária. O suporte para você se apoiar fica um pouco atrás, quando deveria estar na sua frente. Me apoiei no encosto do banco ao lado.
·        O cadeirante fica muito elevado com relação aos bancos, o que faz com que percamos a quase totalidade da visão do exterior. Ou seja: se você quer fazer um city tour, esqueça o táxi acessível. Você não verá nada da cidade, a não ser o céu e a copa das árvores. E, se estiver com o namorado, não é possível ficar de mãos dadas. O máximo que você conseguirá alcançar é o pescoço dele…

De modo geral, os taxistas que nos atenderam foram gentis e simpáticos. Porém, não se deixe enganar por palavras doces: um dos mais simpáticos se aproveitou de que não conhecíamos o trajeto e deu muitas voltas conosco (era um táxi acessível). Ainda lhe perguntei por que estava demorando tanto para chegar ao destino. Disse a ele que havia verificado o trajeto no Google Maps e feito uma simulação da corrida em um site (o que era verdade!), mas nada disso adiantou. No dia seguinte, pegamos um táxi no mesmo local de partida, em direção ao mesmo destino, com o mesmo trânsito, e custou – pasme!! –50% menos.

Para reduzir a chance de que lhe passem a perna, se você não conhece o trajeto sugiro o que um colega me ensinou: peça um recibo. Dessa forma, se for necessário fazer alguma queixa, você terá todas as informações em mãos: nome do motorista, placa, trajeto, valor cobrado. E eu acrescento: ao entrar no táxi, avise que precisará do recibo. Quem sabe dessa forma o motorista pense duas vezes antes de te enganar? #FicaDica

Para finalizar, outra dica. O hotel onde ficamos tem uma parceria com a Fuji Táxi. Por isso, a maioria das vezes usamos carros dessa frota. Todos os motoristas que nos atenderam foram gentis, prestativos e aparentemente honestos (pelo menos os valores cobrados nos pareceram justos).  Além disso, nos prestaram informações bastante consistentes. Um dos motoristas me informou que a companhia dá prioridade a pessoas com deficiência. Então, forneça essa informação ao pedir o táxi. Outra coisa: apesar de poucos táxis em SP terem cilindro de gás no porta-malas, ao pedir um carro avise que você precisa do espaço livre para a sua cadeira de rodas.

Por hoje é só. Nos próximos posts, dicas de restaurantes em Sampa, sugestão de onde tirar passaporte em Belo Horizonte e toques sobre o visto americano.


Vá para São Paulo fazer turismo. Vale a pena!
Esta foto é do Masp, com o Parque Trianon em frente.
(imagem retirada do Google)


Você quer fazer uma simulação da corrida de táxi e ter uma ideia do valor que será cobrado? Clique no link abaixo:



Na internet há muitos relatos sobre o táxi acessível, além de fotos e vídeos. Recomendo os seguintes. Clique nos títulos para ler.




Quer ler outros textos sobre São Paulo neste blog? Clique nos links abaixo:



(restaurantes, Museu da Língua Portuguesa, Mosteiro)








Comentários

  1. Laura, hoje o aeroporto de são paulo existe ponto fixo só de taxi acessivel. não precisa agendar, é só seguir para o ponto que fica na saida principal e pegar o taxi acessivel. Se não tiver nem taxi no ponto é só aguardar,não demora muito para chegar o proximo.

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  2. Laura, moramos em São Paulo e meu pai, por sequelas de AVC, há tempos não tem mobilidade e precisa ser transportado em cadeira de rodas. A dificuldade que temos para conseguir um táxi acessível para transportá-lo, mesmo com agendamento prévio, é absurda. Uma única central de atendimento, essa a que você se referiu, disponível e, mesmo assim, os agendamentos são hipotéticos, pois muitas vezes, simplesmente não há carros disponíveis. O motivo é simples: os taxistas preferem permanecer em pontos fixos com corridas garantidas, sobretudo aeroporto e hospitais, a atender aos chamados da central. Além disso, há aqueles que só atendem a chamados de ida e volta, com esperas curtas. Com relação ao fato de estar com o taxímetro ligado, a legislação municipal é claríssima: só se pode ligar o taxímetro depois de todos os passageiros estarem acomodados e no momento em que será dada a partida. Portanto, se fizeram diferente com você, você foi roubada por um espertalhão. Infelizmente, repito, o serviço é péssimo, pois, com mais de 10 milhões de habitantes na grande São Paulo, há 4 ou 5 dezenas de táxis adaptados e a maioria dos taxistas desses veículos não tem muito boa vontade nem o preparo necessário para atender ao público. Abraços.

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    Respostas
    1. Cláudio, agradeço muitíssimo pelo seu depoimento.

      Em Belo Horizonte, onde moro, a situação não está diferente da de São Paulo. Os agendamentos também são hipotéticos. Frequentemente acontece de os carros não aparecerem. No meu caso -- que tenho automóvel e pego táxi eventualmente, e além disso me viro com táxis comuns --, deixei de pegar os acessíveis há muito tempo.

      Infelizmente, não fui roubada somente em SP. Fui roubada em BH também, quase todas as vezes que peguei um táxi acessível. A maioria insiste em ligar o taxímetro quando o carro chega. E ninguém tem saúde para discutir com motorista todos os dias...

      Aqui, há cerca de 60 táxis adaptados, o que atenderia a demanda, no caso de eles QUEREREM atender as pessoas com deficiência. Mas, de acordo com alguns, "dá muito trabalho". E, como acontece em SP, os daqui também não têm o preparo necessário.

      Ou seja: permanecemos a pé, falando tanto metaforicamente como literalmente.

      Grande abraço!

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  3. mas, Laura, fique muito feliz pela situação de BH: se os taxistas insistem em ligar o taxímetro quando chegam à residência, você deveria sorrir muito. eu explico: a coisa em São Paulo é ainda pior: não foi só com você que ligaram o taxímetro antes de a corrida chegar. aqui em São Paulo é proibido, mas, na prática, TODOS os motoristas de táxis acessíveis já avisam quando você liga para agendar que vão ligar o taxímetro no momento em que partirem para atender o seu chamado - isso mesmo: não é quando chegarem à residência, é quando saírem de onde estiverem para atender ao chamado, e além disso, eles já avisam também que só vão atender o chamado se a distância a ser percorrida for longa e se a corrida for de ida e volta, e se você aceitar pagar pela hora parada (aqui está em 33 reais por hora). ou seja: se você não aceitar qualquer uma dessas coisas, apesar de tudo ser ilegal, eles não aparecem e você não é atendida. E por quê? Porque o DTP, órgão da Secretaria Municipal dos Transportes responsável pela fiscalização dos táxis, só aceita denúncias de quem enviar uma placa e toda a história. Simples assim. Sem uma placa para fornecer, o DTP não aceita denúncia. Você pode dizer que TODOS agem do mesmo jeito e eles recusam a denúncia por falta de provas. Simples assim. E com um agravante: aqui, a prefeitura paga muitas corridas feitas por esses táxis acessíveis, porque ela usa parte deles para suprir a deficiência do serviço Atende - que é um sistema de vans que deveria transportar portadores de deficiência com sistema de agendamento e pagamento pela prefeitura, mas que não dá conta do número de usuários. Imagina quantas fraudes há por trás dessa bagunça toda. Por um lado, os taxistas abusam dos passageiros e por outro também roubam da prefeitura, que não faz nada para não assumir que é ineficiente e corrupta. Aquele abraço!

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