Oceanário de Lisboa para crianças com deficiência

Este é o Vasco, o mascote do Oceanário. Ele te recebe na entrada! 

Tire uma foto, para guardar de lembrança...


Série Cadeirinha Voadora

Este post é dedicado ao João*


Algumas explicações prévias

Em janeiro deste ano, o Carlos*, pai do João, me fez uma provocação. Ele me pediu que escrevesse também sobre passeios para crianças que usam cadeira de rodas.

Sinceramente, nunca havia pensado na possibilidade. Como eu iria enxergar o mundo a partir do olhar infantil? Pode ser simples para quem tem filhos, mas não é o meu caso. Ora, ora, pois sabe que encontrei o caminho? Ou melhor: acho que encontrei… vamos ver o que você acha!

Encarado o desafio, com este post inauguro a seção Cadeirinha Voadora, dedicada aos cadeirantinhos prontos para voar!



Oceanário


Olá, pessoal! Criança também gosta de passear, não é mesmo? E não aceita qualquer coisa não. Criança saudável é curiosa, ativa e observadora. Por isso, o Oceanário é um programa perfeito para os pequenos.

Ele é impressionante, e garanto que não estou exagerando. É o maior aquário da Europa e um dos maiores do mundo. Mas não é bacana somente pelo tamanhão, embora isso certamente produza um impacto.

Quando a gente caminha em direção à entrada, já começa a se encantar. É que você logo vê o Vasco, o mascotinho, mergulhando nas águas do entorno. Isso mesmo! O Oceanário fica na água!



Vasco se preparando para um mergulho! No alto, o teleférico.




É neste prédio super diferente que fica o Oceanário



Mais um pouco e você chega até o Vasco que está de pé, na entrada, para te recepcionar. Tire uma foto com ele, para guardar de lembrança.

A seguir, passe na bilheteria, pegue sua entrada e procure o elevador. Saindo dele, você passará por um longo corredor, onde terá acesso ao ponto forte do Oceanário: a educação para a preservação do meio ambiente. E ela começará com o aprendizado de que os oceanos são um só, e tudo que acontece em um ecossistema (a casa dos animais e das plantas) produz consequências nos outros ecossistemas.

Após o corredor, chegamos à parte fechada, escura. Tem pouca luz, mas a gente consegue ver direitinho o aquário central (há vários aquários). Aliás, não é bem verdade que a gente somente . O que acontece mesmo é que todo mundo fica encantado, hipnotizado. Algumas pessoas ficam em silêncio, outras falam sem parar, outras ficam emocionadas. Eu fiquei sem fala. Quando fico emocionada, eu não consigo nem falar. E você?



Fiquei de queixo caído... eu e mais um monte de gente, que soltava exclamações

 em várias línguas: inglês, francês, holandês...


Então, há um tanque central, imenso, com espécies (bichos e plantas) de todos os oceanos (como eles fazem questão de enfatizar: o oceano é um só; a gente só dá nomes diferentes para ficar mais fácil de aprender na escola). Você sabe que tinha um mergulhador nadando lá dentro? Sim, ele estava limpando o tanque!

Esse tanque central pode ser visto a partir de vários “recantos”, tanto no piso de cima quanto no de baixo. E em vários recantos há bancos, convidando você a ficar sentado e quietinho para observar melhor. É que a gente não consegue ver nada direito quando está com pressa, já reparou?

Você vai ver tantos peixes bacanas – até tubarão! – que é até capaz de pedir para sua mãe ou seu pai esperarem mais um pouquinho. Nem dá vontade de ir embora…



Ecossistemas são reproduzidos...


Ah, mas a experiência sensorial não terminou: no Oceanário tem sons também! Você fica ouvindo sons que são próprios de cada ecossistema. Entende por que eu disse que as pessoas ficam hipnotizadas?

Em torno do tanque central, esses ecossistemas são reproduzidos – incluindo a temperatura de cada um, claro, senão os bichos e as plantas não sobreviveriam. Por exemplo, é muito frio no local onde estão os pinguins. E muito quente no local que reproduz a floresta tropical.



Reprodução da floresta tropical



Ah, é uma delícia ver as crianças entusiasmadas com os pinguins. E também com a morsa, que fica fazendo acrobacias dentro d’água. E os cavalos-marinhos, as anêmonas, as transparentes medusas? Tudo é motivo para entusiasmo!

Passamos por um local onde um tanque estava sendo limpo. Até isso é atração no Oceanário, pois eles aproveitam esse acontecimento como parte da nossa aprendizagem.



Um banner oferece explicações sobre os procedimentos de limpeza. 

Tudo é pretexto para educar!



Nesta foto, você pode ver a água passando por uma espécie de aspirador de detritos


No fim das contas, tive uma surpresa: é tudo acessível para cadeirantes. Tudo mesmo. Nós temos acesso aos dois andares e também ao banheiro. Estávamos meio perdidos, procurando algum elevador para acesso ao piso inferior, e logo apareceram dois funcionários (não perguntei, mas acho que nos viram através de câmeras). Nos levaram até o elevador, que estava totalmente oculto do público.

Separe pelo menos duas horas para visitar a exposição permanente sem pressa. É bonito demais para correr!

Deu fome? Do lado de fora, há fast-foods, e, andando um pouquinho em direção à avenida, podemos ver vários restaurantes, incluindo um brasileiro…

Após o almoço, não deixe de pelo menos observar o teleférico. A vista do Tejo é bonita demais.



O teleférico do Parque das Nações


Não vá embora ainda. Aproveite também para conhecer o Shopping Vasco da Gama, que tem uma arquitetura que lembra o desenho de um navio. A porta do banheiro é igual à de um navio, com escotilha!



Interior do Shopping Vasco da Gama



Entrada do Shopping Vasco da Gama


Ali, seus pais terão acesso à estação de metrô, e a um ponto de táxi no segundo piso (em Portugal, dizemos “praça de táxi”). Terá sido um passeio e tanto! Espero que você goste!

Nós fizemos alguns videozinhos usando o celular, só pra você ter uma ideia das coisas que falei. São pequenos e você vê num instante! Tem com medusa e até com peixe-palhaço (o Nemo, lembra?).










Dicas para os pais:


- Para não estressar a criança com transporte (leve em consideração, por exemplo, que o elevador do metrô pode não estar funcionando), sugiro que vá de táxi. É só pedir para deixar vocês na entrada do Oceanário, que fica no Parque das Nações, distante cerca de 8km do centro de Lisboa.  

- Leve agasalho para os miúdos. O local é fechado, e o ar-condicionado fica gelado em determinados ambientes.

- Vá num dia com pouco movimento. Fomos numa segunda-feira pela manhã, em época de baixa temporada, e estava cheio. Sendo assim, fuja dos fins de semana!

- Cadeirante não paga entrada, nem seu acompanhante.

- Se não pretende gastar dinheiro com bugiganga, nem deixe seu filho ver a lojinha, do contrário certamente terá problemas, pois ela é muito atraente.



Estes posts sobre o Oceanário são realmente bons:




Site do Oceanário (é uma boa pedida para ver com as crianças, mesmo que vocês não pretendam viajar tão cedo!)



*Carlos Wagner, graduado em Ciências Sociais e mestre em Sociologia, é o pai do João, uma criança de 6 anos, que nasceu prematura e teve hemorragia nas veias que irrigam o cérebro. O João estuda numa escola regular, usa a cadeira de rodas para se locomover e é uma criança fofa que tem um olhar aguçado para a vida. Carlos assina a coluna Papo de Pai, publicada quinzenalmente no site http://www.tudobemserdiferente.com


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