Onde comer em Lisboa?

Estamos no Museu da Cerveja, uma cervejaria muito bonita


Sorria: você está em Lisboa! Aqui, come-se muito bem – e encontram-se excelentes vinhos com bom custo-benefício, diga-se. Contudo, para escolher o restaurante, precisaremos que ele seja acessível a nossas rodinhas, e, infelizmente, nem sempre conseguiremos unir o útil ao agradável em nossas andanças.

Que fazer? Se você tem acompanhantes para ajudá-lo e uma deficiência menos severa, que lhe permita algumas travessuras, poderá se aventurar no restaurante que desejar, mesmo que apresente alguns desafios, como degraus ou falta de banheiro acessível. Caso contrário, deixo aqui um link para pesquisar locais acessíveis em Portugal. Mas tenha isto como regra: ligue antes para se certificar de que é de fato acessível – e também para fazer a reserva.

O link é do site da Associação Salvador, que tem o projeto “Portugal Acessível”: www.portugalacessivel.com
Clique na opção “restaurante”. Na pesquisa avançada, coloque “Lisboa” tanto no “distrito” quanto no “concelho”. Prontinho! Aparecerão informações sobre as condições de acessibilidade oferecidas pelos locais.

Uma alternativa – que foi a escolhida por nós, de modo geral – é fazer as refeições nas proximidades de onde a gente se encontra naquele momento. Isso é bem prático! Mas cuidado: em áreas com grande volume de turistas, é comum que a comida seja muito ruim e o preço muito alto. Fuja!!

Em Lisboa há de tudo, e não só bacalhau. Se você é vegetariano, por exemplo, também vai encontrar opções. Nesse caso, sugiro que faça uma pesquisa ainda antes de sair do Brasil, para conseguir um bom planejamento de andanças.


Inspiração tailandesa em uma das opções vegetarianas do Bastardo. 

Ao lado, uma cortesia do restaurante: shot de Blood Mary. Estava tudo ótimo!



 Atenção, atenção!

Uma particularidade dos restaurantes portugueses me pareceu muito antipática: quase todos colocam entradinhas (couvert) em sua mesa sem você pedir. Em alguns lugares, quando a gente chega, elas já estão na mesa. 

Em geral são pães regionais servidos com azeite, queijos, azeitonas – e em muitos restaurantes as entradas são fantásticas. Mas esteja atento, porque, de modo geral, elas são cobradas. Se não me engano, apenas em um restaurante o couvert foi cortesia da casa (acho que foi no Gandhi Palace)… No João do Grão, você só paga o que consumir, mas em outros o cliente paga tudo o que está à mesa.

Para não ser pego de surpresa, sugiro que peça ao garçom informações a respeito. E, se não deseja as entradas, você pode pedir para retirá-las. A exceção foi no Clube do Fado, onde parece que elas fazem parte do valor fixo que é pago para assistir à apresentação artística. Mas não posso afirmar, porque houve contradições nas informações que recebi deles próprios. Aff.


Região da Praça do Rossio


Como ficamos hospedados aqui, fizemos muitas de nossas refeições em restaurantes da região. Dois deles foram terríveis: a comida não tinha gosto de nada. Já te conto!


João do Grão

Fica em um calçadão paralelo à Rua Augusta – a Rua dos Correeiros, onde há muitos outros restaurantes, assim como uma loja de conveniência/sacolão, onde se pode comprar frutas, água mineral e muitas outras coisinhas. Nessa rua, garçons se postam em frente aos restaurantes praticando um marketing agressivo, praticamente obrigando o turista a sentar-se à mesa de seu estabelecimento. Se você planeja andar dois ou três quarteirões antes de decidir onde fazer suas refeições, leve um estoque de paciência.

Desconfiamos de que o João do Grão seria superior aos demais dessa área pelo simples fato de que nenhum garçom tentou nos laçar. Aliás, a primeira vez em que fomos lá, tivemos que esperar vagar uma mesa, pois estava lotado. Um dos garçons foi muito solícito, fazendo o que podia para que eu conseguisse entrar com minha cadeira de rodas até um lugar que nos permitisse nos abrigar da chuva, enquanto esperávamos. É que o restaurante é muito pequenininho; não tem área de espera, e o espaço entre as mesas é diminuto.

O atendimento é gentil, e a refeição tem um bom custo-benefício. Embora certamente vc vá encontrar pratos melhores em outros restaurantes, o João do Grão é uma excelente opção para quem está passeando pela Augusta ou pelo Rossio. Há mesas tanto na calçada como dentro do estabelecimento, que é apertadinho, mas o ambiente é alegre e acolhedor.

Se não quiser ficar na calçada, prepare-se para um pequeno degrau. Não tem banheiro acessível.


Confeitaria Nacional

Dificilmente iríamos encontrar um local tão tradicional e tão famoso pelos doces e bolos. Fica nisso.

Não tem acesso para cadeirantes, e, mesmo que você queira se aventurar, como eu fiz, verá que o espaço é tão pequeno que não há como girar sua cadeira. Além disso, ao contrário do João do Grão, em que o atendimento supera as deficiências do local, na Confeitaria Nacional o atendimento é indiferente e até descortês. 

Se, mesmo assim, vc quiser provar as iguarias, pode optar por uma mesa na calçada. Não precisa entrar: está tudo bastante decadente… Não perca seu tempo.


Restaurante do Nilo

Fica quase em frente ao João do Grão. Fuja em alta velocidade. Entramos lá porque quisemos variar; lamentavelmente, tudo que pedimos estava abaixo da crítica. Se você duvida, clique aqui para ler as opiniões no TripAdvisor. Verá que ainda estou sendo boazinha.




Está localizado no Internacional Design Hotel, onde nos hospedamos, na esquina de Rua Betesga com Augusta, em frente à Praça do Rossio. A princípio não recorremos a ele, por causa de preconceito: em geral, os restaurantes dos hotéis não são lá muito bons, não é mesmo?

Nesta foto, a decoração descolada do Bastardo e a vista para o Rossio. 

(Imagem retirada do Facebook do restaurante)


Mas estávamos enganados: o restaurante é ótimo! Alia qualidade dos ingredientes, sabor e beleza dos pratos, cozinha criativa e excelente atendimento. Para melhorar a minha avaliação, tem pratos vegetarianos. E, para melhorar ainda mais, conta com uma decoração bonita e descolada, uma fantástica vista da Praça do Rossio e excelente banheiro para cadeirantes.

Com tudo isso, é compreensível que o preço não seja baixo, mas também não é alto. Em minha opinião, em comparação com outros restaurantes de Lisboa, tem um excelente custo-benefício.

Talvez você estranhe o nome do restaurante, mas o site explica que é “fruto dos amores absolutos e além das convenções”. Muito apropriado: o inusitado da decoração se une à sofisticação e à criatividade dos pratos para criar um ambiente singular. Em minha opinião, imperdível.

A criatividade bate ponto até no modo de servir as entradinhas: em um cestinho de lego. 

(Foto retirada do site do restaurante Bastardo)


O inusitado e a "transgressão" comparecem nos quadros espalhados pelo restaurante 

(Foto retirada do site do restaurante Bastardo)



Praça de alimentação do shopping Armazéns do Chiado

Aqui, você encontra de tudo, com preços variados. Uma boa opção para quem deseja economizar – e também para quem quer algo mais leve, como sopa ou salada.

Ainda neste shopping, no piso em que está a Sephora, há uma unidade da Starbucks, uma rede de cafeterias que eu adoro, porque é tudo muito prático e com qualidade. Além disso, a decoração é descolada, e a música ambiente é muito boa. Você encontra desde bolos e sanduíches até saladinhas, além das bebidas, é claro.


Outras regiões


Museu da Cerveja

É cervejaria e museu e está localizado numa das alas da Praça do Comércio.

O acervo histórico da cultura cervejeira está no piso superior. Ao alcance das rodas, no primeiro piso, está a cervejaria, com banheiro acessível para cadeirantes.


O restaurante já chama a atenção pelo nome, não é mesmo? Ficamos curiosos e 

entramos para conferir. Valeu a pena.


É muito bonito e sofisticado, e isso já vale a visita. São vários os ambientes, com decoração distinta (há uns simpáticos "casulos", bons para namorados), e há mesas na esplanada, com guarda-sóis, muito agradáveis. O atendimento é atencioso e cortês. Me parece o local perfeito para um happy-hour! Não deixe de provar o pastel de bacalhau.

Pertinho de lá, experimente a ginginha, bebida típica lisboeta, no quiosque que fica ao lado. Você não pode ir a Lisboa e voltar sem provar essa bebida, um licor feito a partir da fruta chamada ginja. Coisas de Portugal…

Parte interna do Museu da Cerveja, com ambientes decorados para agradar aos mais 

diversos gostos ou interesses (acho que namorados vão amar os "casulos"). 

(Foto retirada do site da cervejaria)



Cervejaria Trindade

Vale sobretudo pela beleza estonteante do local.

São vários os ambientes, que ocupam um antigo convento do século XII. A primeira sala (átrio) é decorada com magníficos azulejos com simbologia maçônica. A segunda (refeitório) também traz belos painéis; as mesas são extensas, com bancos também extensos, não muito apropriados para cadeirantes. Por isso, vão te conduzir à terceira sala, que, embora não tenha o charme das demais, oferece mesas mais apropriadas. Nada é perfeito… rs

Eu não te perdoo se vc não for à belíssima Cervejaria Trindade, mas este não é o salão mais adequado 

para os cadeirantes, por causa dos bancos compridoooooos.


Os simpáticos – e bonitos! – garçons estão charmosamente vestidos como monges. Não me perdoo por não ter fotografado... O ambiente é alegre e movimentado. E fica cheio, muito cheio.

No cardápio, comparecem a gastronomia portuguesa e os frutos do mar. Não deixe de ir! Os desafios para cadeirantes são a rua íngreme (vá de táxi) e um pequeno degrau na entrada. Só isso. Tem banheiro acessível.


Este Oeste Pizza Sushi Café

Um espaço agradabilíssimo, situado no Jardim das Oliveiras do Centro Cultural de Belém, com bela vista para o Tejo. 


Rampinha para o deque do Este Oeste. Daqui, vc tem uma bela vista do Tejo. Não desconsidere... 

Mas é preciso reservar!

O Este Oeste está estrategicamente localizado no Jardim das Oliveiras, no segundo piso 

do Centro Cultural de Belém. Aqui, uma outra visão do deque.


Tem serviço de cafeteria e restaurante de gastronomia italiana, pizzas em forno a lenha e sushi. Fomos para o almoço, após a visita ao Mosteiro dos Jerônimos, e ficamos no espaço externo, aproveitando a vista.

O atendimento foi gentil e simpático. Há uma rampinha, se você quiser ficar no deque, e há o banheiro adaptado do Centro Cultural.

Finalizado o almoço, talvez você queira descansar um pouco no jardim, como muita gente faz!


Do Jardim das Oliveiras, tem-se esta bela vista do Tejo e do Padrão dos Descobrimentos.



Gandhi Palace (Bairro Alto)

Descobrimos este restaurante porque uma tempestade nos pegou caminhando pelas ruas do Bairro Alto. Então, entramos no primeiro lugar que encontramos e tivemos uma boa surpresa.

Fácil de entrar com a cadeira de rodas, mas não tem banheiro acessível. O atendimento é muito gentil, mas era somente um atendente que falava português, e mal (são todos indianos).

Servem comida italiana e indiana (não, não sei o que tem a ver uma coisa com a outra). Pedimos pratos indianos, e tudo estava muito, muito bom, com preço excelente. Um achado!

Almoçamos calmamente e ficamos por lá até a chuva passar. Não foi sacrifício nenhum…

Parece que há uma filial perto da Praça do Rossio; o nome é o mesmo. Mas não consegui descobrir se é de fato uma filial, porque os atendentes de lá também falam muito mal o português… rsrs

Fotografamos esta significativa frase do pintor Júlio Pomar sob um mural de 

azulejos no Museu da Cerveja. Bacana, né?


Eu planejava encerrar a série de dicas sobre Portugal com este post, mas achei que ficaria muito longo se fossem acrescentadas informações sobre hospedagem.

Por isso, aguardem uma nova postagem, com o objetivo de indicar a melhor região para um cadeirante se hospedar em Lisboa. Também falarei do hotel onde ficamos, que é fantástico. Até a próxima!


O bolinho de bacalhau do Museu da Cerveja é bem gostoso. Experimente!

(Foto retirada do site da cervejaria)


Para ler os 6 posts anteriores sobre Portugal, clique em:




Comentários

  1. Bacana demais, Laura. Parabéns pelos posts. João Martins

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  2. Olá parabéns pelo site, muito interessante. Já estou lhe seguindo. Aproveitamos a oportunidade para também compartilhar o nosso. Ficaremos felizes por vossa visita e mais ainda se nos seguir-nos.

    Atenciosamente

    Josiel Dias
    http://josiel-dias.blogspot.com
    Rio de Janeiro
    Brazil

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    Respostas
    1. Obrigada pela visita, Josiel. Seja muito bem-vindo!
      Assim que possível visitarei seu blog.
      Abraço!

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