Mobilidade urbana em Belo Horizonte


Na região da Assembleia Legislativa, em
Belo Horizonte, motos ocupam vaga exclusiva
para pessoas com deficiência de locomoção

Em outubro, recebi Rodrigo, Paulo Henrique e Gilmar, alunos do Curso Técnico de Transportes e Trânsito, do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG), que fica em Belo Horizonte. Eles estavam preparando um trabalho para o IV Seminário de Educação para o Trânsito - Semana Nacional de Trânsito 2011, e escolheram abordar a questão da acessibilidade urbana. Então, como conheciam o blog A Cadeira Voadora, entraram em contato comigo para uma entrevista e para me acompanhar em uma volta pela cidade, a fim de mostrar as condições de acesso e os desafios para os cadeirantes.

Combinamos de nos encontrar em um restaurante onde costumo almoçar, nas imediações da Assembleia Legislativa, no Santo Agostinho, onde trabalho. Assim foi feito. A partir de lá, circulamos por uma extensa área, testando rebaixamentos, enfrentando os buracos e as irregularidades nas calçadas e nas vias e por aí vai.

Constatamos que muito tem sido feito nos últimos anos para oferecer condições de acesso aos cadeirantes na região. Há rebaixamentos de calçada em alguns pontos mais movimentados, vagas reservadas para pessoas com dificuldade de locomoção, rampa em um ou outro restaurante, plataforma elevatória e banheiros adaptados na Assembleia Legislativa. 

O restaurante Villa Giannina, onde almoço
eventualmente, fica na Praça da Assembleia
e tem rampa de acesso, banheiro com adaptações,
comida excelente e bom atendimento.
Por outro lado, as vagas não são respeitadas, e a Bhtrans (o órgão responsável pelo trânsito na capital mineira) não tem funcionários nem carros suficientes para fiscalizar tantas transgressões; alguns rebaixamentos estão quebrados ou estão fora dos padrões prescritos pela ABNT; não há faixa de segurança em vários semáforos da região e as que existem estão apagadas; a imensa maioria dos restaurantes, lanchonetes e lojas tem degraus e não providenciou, ainda, o acesso para cadeirantes; e a cantina da Aslemg (Associação dos Servidores da Assembleia) construiu uma rampa de acesso tão íngreme que oferece risco até mesmo para um cadeirante que está acompanhado; sozinho ele não terá a menor condição de adentrar o local.

Contudo, conforme declarei aos “meninos”, trabalho na região há mais de 20 anos e vi a situação melhorar de forma notável para os cadeirantes a cada dia, particularmente nos últimos anos.

A apresentação do grupo contendo a entrevista e as filmagens foi, segundo a equipe, relevante para a formação profissional dos presentes ao seminário. O trabalho teve uma repercussão tão positiva e expressiva que a coordenação do curso, a pedido da Bhtrans, utilizou-o também no 2º Seminário Municipal de Educação para Cidadania, que aconteceu no dia 22/10/2011, no Colégio Sagrado Coração de Maria, em BH:

Registro aqui um pouco da história do Curso Técnico em Transportes e Trânsito, pois acho importante divulgar essa iniciativa do Cefet. O texto me foi enviado pelo Paulo Henrique, um dos alunos.

O Curso Técnico em Transportes e Trânsito teve início em 1999, através da Coordenação de Transportes do CEFET-MG, a partir da constatação de uma necessidade de reorganização do atual modelo na área de Transportes, afetado diretamente pelas mudanças políticas, sociais e econômicas em escala mundial, nacional, regional e local, tendo sido concebido com participação direta das comunidades de Transporte Público de Passageiros, Transporte de Cargas e da Engenharia de Tráfego, através de empresas, órgãos, e federações constituídas. Dessa maneira, abrange as áreas de Planejamento de Transporte Urbano e Regional, Transporte de Passageiros de Cargas, Logística aplicada aos Transportes e Trânsito e Engenharia de Tráfego. O curso visa a capacitar o técnico para propor alternativas aos problemas de congestionamento, mobilidade e acessibilidade, degradação das condições ambientais e de altos índices de acidentes de trânsito, tão comuns nos dias atuais, além de nos preparar para o gerenciamento dos Transportes e Trânsito municipais, como prescrito no CTB (Código de Trânsito Brasileiro).

Clique aqui para ter acesso ao power point com o trabalho do grupo, incluindo duas das filmagens que realizaram comigo.

Clique aqui para ter acesso ao comentário do Paulo Henrique em um de meus posts neste blog.


Neste vídeo produzido pela equipe,
você me acompanha utilizando a plataforma
elevatória para entrar na Assembleia Legislativa


Por fim, quero agradecer ao Paulo, ao Rodrigo e ao Gilmar pelo convite, pelo carinho e pela iniciativa de serem colaboradores na luta pela inclusão e pela cidadania. Sinto uma satisfação muito grande quando observo pessoas atentas a essa causa, pois a melhora da acessibilidade urbana beneficiará a sociedade como um todo, e não apenas as pessoas com deficiência.

(Fotos tiradas pela equipe)


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Londres para pessoas com mobilidade reduzida

Mercado Central de BH: tradição das Minas Gerais ao alcance das nossas rodas

Parque Ibirapuera (SP) para cadeirantes