Eu acredito em você. E você?


É possível que o dicionário de uma pessoa com deficiência comece na letra “s”, com a palavra superação. Se as atividades diárias já ficam comprometidas, imagine os voos maiores… Mas como Deus dá o frio conforme o cobertor, o que mais se vê por aí são pequenos e grandes heróis anônimos.

Por ter uma deficiência, e porque a superação habita minha casa, fiquei muito comovida ao saber que a Escola de Samba Acadêmicos do Grande Rio levou para a avenida em 2012 o carnaval da superação. O nome do samba-enredo? Eu acredito em você. E você?

Ritmo e letra do samba-enredo contagiam

Uma história de amor

Atenção: clique nas imagens para ampliá-las!

No meu modo de ver, toda história de superação é uma história de amor.
No início de 2011, faltando menos de um mês para o desfile no Sambódromo, um incêndio destruiu o barracão da Acadêmicos. Quantos meses de trabalho estavam sendo queimados ali, em menos de meia hora? Mas o fogo não acabou com o sonho dessa comunidade, nem com sua capacidade de se reerguer. Veja o depoimento do carnavalesco Cahê Rodrigues, que idealizou o samba-enredo de 2012:


Ah, pode ter certeza… O que fez essas pessoas se superarem foi o amor que sentiam pela Escola…

O desfile

O fato é que a agremiação levou para a avenida exemplos de superação, contando com a presença do iatista Lars Grael, que teve uma perna decepada em um acidente no mar, e de João Carlos Martins, que perdeu os movimentos dos dedos e viu encerrada sua carreira como grande pianista, mas iniciou uma nova etapa aos 63 anos como maestro. Dois grandes exemplos de pessoas que não somente superaram os desafios com coragem, mas também se transformaram em referência e auxílio para muitos.

O ponto alto do desfile, para mim, foi o carro alegórico Superação sobre rodas, que trouxe uma quadra de basquete com seis atletas da seleção brasileira paraolímpica atuando.  Você vê todo o desfile no vídeo abaixo, e aos 53’ esse carro entra na avenida.



Reservatórios de força interior e de coragem

Quando enfrentamos adversidades, ou mesmo diante do desconhecido que nos amedronta, é que podemos conhecer nossas reservas de força e coragem. Não são poucas as vezes em que nos surpreendemos, porque é comum nos consideramos frágeis e incapacitados.

Frequentemente posto em meu Facebook belas fotos de pessoas com deficiência se dedicando a esportes radicais. Os comentários mostram que as pessoas se surpreendem com essas façanhas, já que muitos mortais jamais ousariam subir nem mesmo em uma árvore… Contudo, a maior façanha de todas é enfrentar o cotidiano com galhardia. Tenho a felicidade de ter amigos com deficiência que não têm nada de deficientes. Vejo esse povo todo dia superando obstáculos como pegar ônibus ou metrô com cadeiras de rodas, ir ao médico sem encontrar nenhuma facilidade de acesso, enfrentar a necessidade urgente de ir ao banheiro sem conseguir encontrar nenhum acessível, tentar atravessar ruas que não contam com sinal de pedestre nem faixa de segurança, não poder entrar em muitos lugares por causa das escadas. Fala sério: isso não é esporte radical?

A Acadêmicos ficou em quinto lugar no grupo especial. Eu, que não curto carnaval, gostei muito do desfile da Escola. Ela ficou em primeiro aqui, no meu coração.



Para saber mais, clique nos títulos abaixo:









Comentários

  1. Que lindo!! Fiquei emocionado com o texto. Obrigado pelo carinho, todo esse desfile foi pensado com muito carinho e respeito a todos.
    Cahe Rodrigues

    ResponderExcluir
  2. Cahê, é uma honra receber sua visita!
    Obrigada

    ResponderExcluir
  3. Retificando:
    Laura.
    Desculpe a demora em responder. Você tem um endereço de e mail para que eu possa enviar o meu para você? Será sempre um prazer falar com você.
    Foi uma pena o elevador não estar funcionando na época de sua visita. O equipamento já foi trocado por um novo. Esse elevador dá acesso também à Fortificação, além dos Salões de Exposições. Você não precisaria de ajuda para subir essas escadas. Há um acesso direto do elevador (nível mais alto) para a cúpula dos canhões da fortificação, passando pela faixa (passarela). É possível que o Stair Trac resolvesse a questão (na falta do elevador). Sugeri a compra. O que acha? Mas, os soldados são muito bem treinados e gentis com todos os visitantes em todas as situações. O Forte investe em acessibilidade há quase 20 anos. Começou com o banheiro adaptado. Realmente é muito antigo e muito usado. Está precisando de melhorias. Já listei as necesidades e eles estão providenciando. Não é fácil fazer tudo que é necessário e da melhor forma possível, mas o Forte está no caminho certo.
    Fico muito feliz que tenha gostado do passeio e muito obrigada pelo seu reconhecimento e sugestões.
    Abraços
    Claudia

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Claudia, também acho que o Forte está no caminho certo. Vai se transformar em uma referência de construção histórica com acesso, com certeza.

      Meu e-mail é acordodepaz@gmail.com

      Abração e grata pelo comentário!

      Excluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Londres para pessoas com mobilidade reduzida

Mercado Central de BH: tradição das Minas Gerais ao alcance das nossas rodas

Parque Ibirapuera (SP) para cadeirantes