Belém do Pará para cadeirantes

Luiza e Andreia estão na torre do parque Mangal das Garças, em Belém


O post de hoje é da nossa colaboradora Luiza Marques, mãe da cadeirante Andreia Marques. Essas duas simpáticas viajantes são assíduas aqui no blog, para a nossa felicidade. Vamos viajar para Belém com elas?

Para que os amigos estrangeiros se localizem, Belém é uma cidade brasileira que fica na região norte, no estado do Pará. Para saber mais, há um link no final do post!

Ricardo Freire, o guru dos viajantes, definiu Belém como “a cidade mais incrível que você ainda não pensou em visitar”. Por que será? Vale descobrir!


Espelho d'água e escultura no Mangal das Garças


Roteiro em Belém do Pará
Por Luiza Marques*

Depois de um voo tranquilo de Brasília para Belém, aterrissamos num aeroporto excelente, com rampas bem razoáveis. Nosso motorista da Travel-In Turismo, Jamil Awada, já estava nos aguardando para nos levar ao Hotel Hilton.  

Chegando ao hotel tivemos o desagrado de saber que não tínhamos reserva  de apartamento adaptado, apesar de eu apresentar o voucher. Nos levaram para um apartamento com banheira, que eu evidentemente recusei. Após algum tempo de muita conversa (eu estava calma, felizmente), nos colocaram num apartamento com box de vidro e uma cadeira de banho, que não era o ideal, mas atendia a minha filha.  Conversei com a Gerente de Operações do hotel, que nos abordou no elevador, sobre a falta de acessibilidade para atender aos vários tipos de deficiência. 

Como chegamos no final da tarde, o que fizemos foi arrumar os armários e descansar.

No primeiro dia, fomos ao mercado popular Ver-o-Peso, que é uma amostra da diversidade amazônica; frutas regionais, peixes, artesanato, cestos de vime e muitos garis limpando tudo o tempo todo. Tem rampas de acesso, estacionamento, e foi bastante tranquilo.

Mercado Ver-o-Peso, com os produtos tradicionais da região


Seguimos para o complexo Feliz Lusitânia, onde tem o Forte do Presépio.  O chão é de pedras; a visita foi difícil, mas não impossível para o nosso motorista-acompanhante. Almoçamos na Casa das Onze Janelas (arquitetura do século XVII).


Parada para almoço na Estação das Docas

Andreia na Estação das Docas


Dali seguimos para a Estação das Docas, onde passamos a tarde, na beira da Baía de Guajará. Há vários restaurantes e lazer. O local é novo, com banheiros adaptados grandes e limpos, elevadores funcionando, acesso excelente.

Uma curiosidade: em Belém chove todas as tardes; é preciso aproveitar as manhãs para passeios ao ar livre.

No segundo dia viajamos para a Ilha de Mosqueiro (aprox. 80 km de Belém). Para sair do carro e ultrapassar as barreiras das valas entre meios-fios e asfalto (acho que por causa das chuvas), dependemos da boa vontade do acompanhante; não vi rampas de acesso nas ruas. Visitamos as praias de rio, igarapés, pracinhas com coreto, feirinhas e igreja. Almoçamos no restaurante do Hotel Paraíso (acesso bom, paisagem linda, mas sem banheiro adaptado).

Quem não fica feliz quando está viajando, hein? Viajar faz bem pra alma...


No terceiro dia visitamos o Parque Zoobotânico do Museu Emilio Goeldi.  O motorista entrou com o carro para desembarque e foi estacionar. O chão de terra batida exige um pouco de esforço para quem estiver conduzindo a cadeira, devido às raízes que brotam do chão. O museu é pequeno, mas interessante; tem um pequeno elevador para cadeirantes.  Almoçamos na Estação das Docas por causa da limpeza, dos banheiros etc.

Parque do Museu Emílio Goeldi


Dali fomos para o Museu das Gemas, que foi um presídio e hoje é um museu muito bem conservado de pedras preciosas e semipreciosas produzidas no Pará. O acesso em seu interior é muito bom. Depois visitamos o Palácio Antônio Lemos e o Palácio Lauro Sodré, ambos museus com acesso razoável e elevador.

Pátio do Museu das Gemas


Nosso quarto dia começou no Mangal das Garças, um parque grande, moderno, bonito, limpo e com algumas subidas que também exigem um pouco de esforço físico para conduzir a cadeira. Tem uma torre, com elevador novo,  e uma vista linda dos rios, do próprio parque e da cidade.

O belo e histórico Teatro da Paz tem elevador para os cadeirantes!


Depois do almoço, para visitar a Basílica de Nossa Senhora de Nazaré tivemos que subir com o carro até a porta principal do templo, pois o acesso seria por uma lojinha anexa, que possui rampa da calçada até uma das entradas da igreja, mas tinha um carro estacionado bloqueando o acesso.

Em seguida fizemos uma visita monitorada ao Teatro da Paz, que, apesar de muito antigo (séc. XVIII), conta com um pequeno elevador para cadeirantes, que leva somente até o primeiro piso,  sem descaracterizar a arquitetura linda do local, com duas frisas junto ao palco, adaptadas para duas cadeiras em cada uma. 

No quinto e ultimo dia visitamos o Bosque Rodrigues Alves, um pedaço da selva amazônica dentro de Belém. Mais uma vez entramos com o carro para desembarcar. O chão é muito úmido, por causa da chuva e da própria vegetação, que é muito densa. Foi necessário um esforço grande do nosso colaborador, pois a cadeira atolava e ele manobrava. Foi assim durante boa parte do passeio, de aproximadamente duas horas. Mas valeu a pena.

Andreia com o guia-anjo, no Bosque Rodrigues Alves


Depois do almoço visitamos a Catedral de Belém (acesso ruim), com a boa vontade do nosso amigo.  As pinturas lindas, datadas de 1891, nos fizeram esquecer as dificuldades.

Para resumir, não vi em Belém acessibilidade nas vias públicas, vagas marcadas para cadeirantes, tampouco rampas nos semáforos.  A cidade é viável nos pontos turísticos com ajuda de braços fortes e boa vontade. Acho difícil fazer adaptações em prédios de 1700/1800, mesmo assim instalaram pequenos elevadores para cadeirantes em alguns locais visitados. No Palácio Lauro Sodré, por exemplo, o elevador é externo (parecido com o da Pinacoteca em SP). O destaque vai para a Estação das Docas, adaptada para cadeirantes em todos os pormenores.

Apesar de tudo, valeu a pena cada momento, pelas preciosidades históricas, pelos prédios, pelas riquezas do Museu das Gemas e principalmente pela natureza exuberante dos parques, dos animais soltos, das aves que não se importam com a presença humana, das pessoas, do atendimento nos restaurantes.

Não pagamos nada para visitar os lugares (cadeirante + idosa + guia).

Não recomendo o Hotel Hilton. Já o receptivo foi muito bom, também na sugestão dos roteiros. Recomendo a Travel-In para qualquer cadeirante que tenha algum interesse em conhecer Belém, com o motorista/colaborador incansável Jamil Awada.   

  

*As incansáveis Luiza Marques e Andreia, mãe e filha, moram em Brasília.
Andreia é cadeirante devido a uma artrite reumatoide juvenil. Servidora do STJ, é também webdesigner e aficcionada por tecnologia e viagens. Luiza foi secretária executiva bilíngue durante 25 anos.
Para nossa alegria, elas sempre topam dividir as experiências conosco! =)


Para ler outros posts contando as aventuras das duas, clique nos links abaixo:






Para saber mais sobre Belém, clique no link abaixo:








Comentários

  1. Transporte para cadeirante em Belém é com a mobiliza transporte adaptado, transportamos para exames,consultas,passeios eventos e outros ligue já e peça seu taxi adaptado para cadeirante (91)98172-1533

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