Passeio de trem pela Serra do Mar – Dicas para cadeirantes
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Fotografei a Ponte São João após passar por ela. |
As dicas mais esperadas da
minha viagem a Curitiba estão sendo as que se referem ao passeio de trem até
Morretes, atravessando a Serra do Mar. Na verdade, esse passeio foi uma das
grandes motivações desta viagem!
Leia o primeiro post sobre a
viagem clicando aqui.
Neste post, vou me limitar às
dicas para pessoas com mobilidade reduzida. Outras informações sobre o passeio,
vocês podem encontrar em excelentes blogs que citarei ao final do texto, no Para saber mais.
Antes de sair de Belo
Horizonte, li muito sobre o assunto. Foi assim que descobri que é possível
tanto comprar exclusivamente a passagem de trem quanto adquirir um pacote de
viagem, que inclui passagem ida e volta, almoço e city-tour de van. Se quiser
comprar apenas a passagem de ida, poderá escolher onde almoçar e voltar de
ônibus de linha ou de trem. Darei todas as informações a fim de que possa optar
pelo que lhe convier.
Agência
É a Serra Verde Express que
detém os direitos de exploração dessa linha. Clique aqui para ter acesso ao
site.
Telefonei para lá e conversei
com a agente de viagem Lilian Baraus, muito atenciosa, que me deu as
informações que repasso para vc.
Há vagões de várias classes,
mas o que tem “acesso” para cadeirantes é o Executivo. Então, como o cadeirante não
pode escolher a categoria do vagão, a agência lhe dá o direito a viajar no
Executivo pagando a tarifa da categoria turística, junto com um acompanhante.
Se houver outros acompanhantes, eles não terão direito ao desconto.
Coloquei “acesso” entre aspas
porque as adaptações se limitam a uma rampa móvel para embarque/desembarque e
um espaço onde se pode ficar com a cadeira de rodas.
No meu passeio, não teve nem um
nem outro. Não encontraram a rampa e decidiram me colocar na poltrona do trem,
o que aceitei, porque me permitia mais conforto e uma visão melhor das
paisagens. Ah! Sente-se do lado esquerdo, onde estão as paisagens realmente
dignas de nota.
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O trem executivo é simples, mas confortável, com janelas grandes.Vc observa a paisagem confortavelmente instalado. |
Com exceção do desaparecimento
da rampa, correu tudo muito bem; a organização da Serra Verde e a gentileza dos
funcionários são notáveis.
A Lilian me explicou que,
quando há cliente cadeirante, eles designam um funcionário especial para a van,
que dê conta de auxiliar nas transferências (ou dê conta de carregar a pessoa,
uma vez que os assentos da van são muito altos). Mas eu não poderia esperar que
encarregassem dessa tarefa uma pessoa tão, tão, tão especial. Dar nota 10 para
o Oscar é pouco, porque ele não é somente forte e te passa segurança. E nem é
somente gentil. Ele se preocupou até mesmo se o sol estava batendo muito forte
em mim, quando parou a van em um mirante. E estacionou a van em outro local por
causa disso!
A Liana, guia no nosso passeio,
também foi extremamente gentil, fazendo pequenas mudanças no roteiro para que
eu pudesse ver coisas que de outra forma não veria. E o Isac foi quem me
recebeu na rodoferroviária. Assim que a van chegou, ele estava a postos, procurando
a cadeirante que iria viajar naquele dia. Ou seja: o que não falta é
assistência.
Observação: o banheiro para
cadeirantes da rodoferroviária permite que sua cadeira passe pela porta, mas
não que permaneça dentro da cabine, pois não há espaço. Piada. Precisei pedir a
uma desconhecida que puxasse a cadeira e tomasse conta dela para mim...
Se desejar fazer o passeio, não
deixe de ligar antes para a Serra Verde e pedir todas
as informações de que precisa para se sentir seguro. Lembre-se de que
tudo muda, e as informações que estão neste post podem ter prazo de validade! Além disso,
explicite suas necessidades, de forma que possa ter o passeio mais agradável
possível.
O link está abaixo, no Para
saber mais.
Adquirimos o pacote com os
seguintes serviços incluídos (copiei do e-mail que recebi e colei aqui):
● Traslado In/Out;
(Transporte do hotel até a estação de trem ida e volta)
● Viagem de Trem até
Morretes;
● Almoço típico Barreado e
frutos do mar;
● City tour em Morretes e
Antonina;
● Retorno de van pela estrada
da Graciosa ou BR, com uma parada;
● Chegada prevista para às
17:30 hs;
● Guia especializado.
Vagão
Os assentos são muito
confortáveis, e, se houver lugares vagos, uma poltrona pode ser virada de
frente para a outra, de forma que vc possa esticar as pernas. Ou que seu
acompanhante, assim como vc, possa se assentar junto à janela.
Não há banheiro acessível no
trem.
Um kit lanche é distribuído
pouco tempo após o início da viagem. São biscoitos, Polenghinho, essas coisas – tudo numa caixinha.
Também servem água, refrigerante, chá gelado e até cerveja (no Executivo). Tudo
à vontade.
A guia de bordo Rachel não foi chata,
nem se saiu com piadinhas sem graça, como às vezes acontece nesses tipos de
passeio. Ao contrário, deu uma aula sobre colonização no sul do País e sobre
meio ambiente. Saí do passeio enriquecida.
Ah! Quase me esqueci de contar
que o trem faz a velocidade de 18km/h, no máximo 25km/h. Assim é com o
propósito de reduzir riscos, pois a estrada é antiga, assim como os trens. E há
trens de carga usando a mesma linha férrea, em alguns trechos. É por isso que a
viagem dura 3 horas no mínimo!
Paisagens
As paisagens bacanas começam a aparecer após cerca de 1h30 de viagem. A princípio, a estrada passa
por áreas urbanas, depois por áreas reflorestadas. Aparecem em seguida ruínas (muito
bonitas), e a paisagem de mata atlântica começa a se descortinar. E, lá pelas 2
horas de viagem, prepare seu coração, pois verá paisagens exuberantes: rios, cachoeiras e um
despenhadeiro de perder o fôlego. Parece que o trem está suspenso no ar.
Assista a este vídeo e se encante.
Não quis ficar tirando foto, para não perder a beleza… O que eu simplesmente desejo é que esse encantamento não saia nunca da minha memória.
Morretes e Antonina
Fomos de trem até a
cidade de Morretes. Lá almoçamos, e depois tomamos a van até Antonina, distante
12km.
Morretes é pequenina e
graciosa. Ao longo da rua que vai da igreja até as lojinhas de artesanato, há
restaurantes, sorveteria, banquinhos para descansar, vista bonita, sombra
gostosa. Fica a poucas quadras da estação ferroviária.
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Após o almoço, paramos para descansar e tomar um sorvete de gengibre. |
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Veja como Morretes é agradável... |
O prato típico é o barreado.
Não experimentei, porque não como carne vermelha. Minha mãe não gostou. Segundo
ela, a carne perdeu o sabor pelo excesso de cozimento, o caldo não estava bem
temperado, e o prato tem um aspecto ruim.
Almoçamos no restaurante Serra
Verde, que pertence à empresa que faz o passeio. O atendimento é bom e tem
banheiro acessível. Um degrauzinho de nada na entrada. E no cardápio tem frutos
do mar também.
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Note como as construções são charmosas e observe o calçamento deparalelepípedo, o terror dos cadeirantes. Mas estava em bom estado de conservação. |
Antonina é um charme só, com
suas casinhas históricas, e a faixa à beira-mar é linda. Uma pena que, de van,
não se veja muita coisa…
Um alerta: vc sairá de
Curitiba, que fica a mais de 900m de altitude, e chegará a Morretes, no nível
do mar. A temperatura subirá à medida que a altitude cair. Prepare-se para
“descascar cebola”, colocando camadas de blusas que vc tirará conforme a
necessidade. Sua vontade de tirar a roupa totalmente será grande, mas não faça
isso. Não é prudente. ;-)
Retorno de van
Achei que o retorno de van iria
ser mais confortável e facilitar nossa vida, já que a viagem dura a metade do
tempo que a de trem. Mas creio que estava enganada com relação ao conforto.
A van que utilizamos é muito
desconfortável para uma pessoa com mobilidade reduzida (aliás, creio que para
qualquer pessoa). Embora o ar-condicionado perfeito e o excelente estofamento,
os bancos são MUITO estreitos e altos. Me senti confinada numa lata de sardinha
(quase não conseguia me mexer), com uma visibilidade horrível, porque não se
enxerga nenhuma paisagem na frente e quase nenhuma dos lados. Se vc não estiver
assentado na janela, não vai enxergar nada da bela paisagem da Estrada da
Graciosa, que faz parte do trajeto do retorno.
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Esta deve ser a curva mais fechada da bela Estrada da Graciosa. Como não tirei fotos dela, peguei uma emprestada aqui. |
Estrada da Graciosa
A Estrada da Graciosa é
realmente linda, com hortênsias e vegetação de mata atlântica. Verde, verde,
verde. E muitos recantos e mirantes.
Mas há um excesso de curvas
fechadas, que me fizeram enjoar. Graças a Deus paramos em um mirante, onde pude
me refazer tomando uma água de coco maravilhosa, gelada e no próprio coco.
Saiba mais sobre a estrada aqui:
Como disse no início do post,
não se vê grande coisa de dentro da van. E a viagem de cerca de 1h30 é muito
desconfortável, porque os bancos são estreitos demais e temos de nos seguarar
firme nas curvas. Em resumo: considere a hipótese de voltar de trem (3 horas de
duração, mas confortáveis) ou de ônibus, se vc não for cadeirante.
E coloque na lista de boas
intenções um dia percorrer a Graciosa de carro de passeio. Você merece.
Em resumo: amamos o passeio. As
paisagens na Serra do Mar são inesquecíveis, com toda a certeza! E somos gratas
ao pessoal da Serra Verde por não serem somente bons profissionais, mas pessoas
muito cooperativas e amáveis.
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