High Line Park: jardim suspenso ao alcance das cadeiras voadoras

novembro 16, 2013

Foto de Iwan Baan, retirada do site oficial do High Line. Observe a linha férrea acima da rua
e entre os edifícios.

Jardins suspensos não são propriamente novidade: conta-se que existiram na Babilônia e também há um em Paris, construído em uma linha férrea desativada. Chama-se Promenade Plantée; foi inaugurado em 1993 e tem 4,5km! Você pode curti-lo no delicioso filme Depois do pôr do sol, com Ethan Hawke e Julie Delpy .

Deve haver outros parques elevados por aí… Mas o que eu quero lhe apresentar hoje é o High Line Park, em Nova York, onde a gente não vai simplesmente para passear, mas para ter uma experiência sensorial. E é totalmente acessível para cadeirantes!

High Line entre os prédios. (Foto de Iwan Baan)

Por cima das ruas

O High Line era um trecho abandonado de uma estrada de ferro elevada 9 metros. Começa no Meatpacking District e vai até a parte oeste de Chelsea. O primeiro trecho recuperado foi aberto ao público em 2009, mas o parque continua crescendo.

Atrás de mim, há esta imensa janela de vidro, de onde se pode observar o entorno
assentado em confortáveis poltronas de madeira. Veja na foto abaixo outra perspectiva.

Esta imagem mostra o mesmo local acima.
(Foto de Iwan Baan, retirada daqui.)

O local oferece perspectivas fascinantes dessa área da cidade. Não é que você vá encontrar uma "vista bonita" – bem, vai, pelo menos no que diz respeito a uma parte de onde se vê o Rio Hudson e da qual, por exemplo, você pode admirar o pôr do sol. Mas, em toda a extensão da antiga linha férrea que corre entre prédios de arquitetura contemporânea, você vai ter acesso a muito mais, e é aí que entra a experiência sensorial. Então, permita que todos os seus sentidos estejam disponíveis para assimilar o que vem pela frente...

Confortáveis espreguiçadeiras convidam a um instante de relaxamento ou contemplação

Há instalações de artistas, espreguiçadeiras deslizantes para um descanso ou um namoro, trechos deliciosos com vegetação nativa, bancos entre folhagens… Diz o guia Lonely Planet: “As atrações incluem (…) uma perspectiva totalmente única das ruas do bairro abaixo – especialmente da bacana Gansevoort Overlook, onde alvas poltronas de frente para um grande painel de vidro permitem observar o tráfego, os edifícios e os pedestres como se fossem obras de arte urbanas vivas” (pág. 121, edição de 2011. Grifo meu).

Há, na verdade, dois painéis de vidro, em dois pontos diferentes (o outro é o Sunken Overlook). Desses dois decks, vemos os bairros de forma privilegiada. É impressionante a sensação… E é maravilhoso encontrar, em Nova York, um local onde as pessoas estão calmamente assentadas contemplando a vida, lendo, conversando ou mesmo fazendo um lanche.

Achei esta uma sacada genial do arquiteto: são "arquibancadas" que oferecem diversas perspectivas
da rua que passa abaixo. No final, um imenso painel de vidro. Observe que há um desnível inclinado
entre os bancos: são rampas para as cadeiras de rodas. Pode-se descer até o painel! Imagine a festa que
fiz por causa disso! (Foto de Iwan Baan, retirada daqui)

Trata-se do mesmo local acima, mas visto da rua. Foto do mesmo autor.

Aqui estou eu, no mesmo deck, descendo as "rampas"

Não precisa dizer que fiquei fascinada, né?
O único problema para descer a rampa é precisar pedir licença às pessoas para afastarem
as pernas... Nada é perfeito. ;)

Só mais esta foto, pra vc entender um pouco melhor a sacada do local...

O projeto paisagístico benfeito, as obras de arte, as sacadas geniais que vemos por todo lado fazem do High Line algo único. E a atmosfera de leveza que se percebe por lá é contagiante; parece mesmo que o parque inspira isso.

Chegamos quando o sol se punha e saímos bem após ter caído a noite. Percorremos toda a extensão, e fiquei encantada com tudo, mas particularmente com o Sundeck & Water Feature. Fiquei pensando de onde sai tanta criatividade… Nesse trecho, há uma “piscina” onde se pode molhar os pés nos dias de calor. Na verdade, não é bem uma piscina; é uma aguinha jorrando do piso, com barulhinho e tudo! Você tem que ir lá ver e experimentar isso!

Aguinha para refrescar os pés, com vista para o Rio Hudson. Bacana demais, né?
Foto retirada daqui.

Não poderia me esquecer de mencionar que o High Line é totalmente seguro, pois há câmeras por todos os lados; aliás, como em toda a cidade. Há banheiro acessível e três elevadores para acesso das pessoas com mobilidade reduzida (confira no site oficial as localizações, embora lá só apareçam dois elevadores). E, se não quiser levar seu próprio lanche, pode fazer as refeições por lá. Como eu disse no início, é tudo acessível.

Chi va piano va sano e va lontano

Restaurante Vapiano. (Imagem do Google)

Mesa comunitária, com vasinho de ervas. À direita o balcão de massas. (Imagem do Google)

Após termos passeado pelo parque, percorremos os bairros do entorno: Meatpacking, Chelsea e Village. Jantamos no simpático e criativo Vapiano, na Union Square. Tem uma rampinha na lateral, mas vou confessar: não vi se dispunha de mesas acessíveis. Escalei os altos bancos (nem tão altos assim), nas compridas mesas comunitárias. A gente escolhe a massa e o chef que vai prepará-la, pode escolher também uma salada; depois, pega ervas frescas plantadas nos vasinhos à disposição. Há água saborizada à vontade. A comida? Deliciosa. E como poderia ser diferente? Em boa companhia, tudo que é bom fica ainda melhor! Concorda?