João Pessoa de cadeira de rodas – Parte 4 – O entardecer ao som do Bolero de Ravel


A bela Praia do Jacaré, em Cabedelo.
(As fotos pertencem ao meu arquivo pessoal.)


A primeira vez que ouvi falar do passeio para ver o pôr do sol na Praia do Jacaré, ao som do Bolero de Ravel, tocado por um músico com o nome de Jurandy do Sax, confesso que achei tudo muito brega. Não dei muita bola. Porém, à medida que pesquisava para preparar a viagem a João Pessoa (sempre pesquiso exaustivamente os destinos, antes de pegar a mala), lia e ouvia elogios ao passeio… Por isso, decidimos conferir. E não é que é bem bacana?

O Rio Jacaré fica em Cabedelo, cidade da Grande João Pessoa. Nessa pequena área com turismo consolidado, há bares, restaurantes e muitas lojas de artesanato local. A praia fluvial já era conhecida pelo belíssimo pôr do sol. Após o músico Jurandy iniciar a prática de tocar em todos os entardeceres, o local ficou marcado no mapa turístico da Paraíba.

Estava nublado. Mesmo assim, o sol deu as caras. 
O sol se põe muito cedo em João Pessoa. Jurandy começa a tocar por volta das 17 horas. E eu achei tudo incrível, na verdadeira acepção da palavra: ele toca com uma concentração invejável, nada o distrai; entra no barco, equilibra-se durante os 14 minutos da música, não perde o ritmo, não desafina; o remador também é um prodígio, porque é uma grande responsabilidade conduzir o músico que já é uma celebridade.

E sabe o que mais? A música, unida ao por do sol, que ali, de fato, é magnífico, cria um momento de profunda reverência à natureza – ou a Deus, como cada um preferir. Fiquei bastante comovida, conectada e reverente, eu que a princípio havia achado a proposta brega. As pessoas – muitas! – ficam em total silêncio. Flashs pipocam de todos os lados: todo mundo quer registrar a experiência – como se ela fosse registrável.

É… dá muita vontade de voltar e ver tudo de novo!

E o barquinho vai, levando o Jurandy...
O som é central, transmitido por um microfone conectado ao sax. Por isso, a gente ouve a música completa, ainda que o barco esteja mais afastado, já que ele percorre um longo trecho do rio.

Depois, o músico retorna ao bar, conversa com as pessoas, autografa CDs e DVDs, toca outras canções e, às 18 horas, a Ave-Maria.

Gente, não dá pra perder esse passeio por nada. E é tudo acessível para cadeirantes. Há rebaixamento para entrar no bar onde ele toca (e onde os banheiros permitem a entrada de uma cadeira de rodas) e para conhecer o comércio de artesanato. As lojas ficam num calçadão às margens do rio e a maioria tem rampinha.

E o melhor, em minha opinião: a paisagem é tão linda que dá vontade de não fazer mais nada, só ficar contemplando...


Momento de reverência...

Rampinha em uma loja de artesanato. A maioria
tem acesso para cadeirantes.

No calçadão às margens do rio, bares e comér-
cio de artesanato. Veja que o piso está intacto,
ótimo para circular com a cadeira.

Numa das lojas, rosas feitas com lâminas de
madeira - e perfumadas!






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Comentários

  1. Olá Laura, parabéns pelos textos. Sou de João Pessoa e trabalho com turismo. Fiquei muitas vezes arrepiado com tanto elogio à cidade. Nunca vi uma matéria com tanta riqueza nos detalhes, positivos e negativos. É disso que precisamos para estar cada vez mais melhorando a nossa cidade para os moradores e para os turistas. Senti como se estivesse no passeio junto a ti, sério. (rsrs). Ainda acho que temos que melhorar muito em relação à acessibilidade, muitas calçadas e faixas de pedestre ainda não têm raspas. Sofri uma vez com isso passeando com um carrinho de bêbe (gêmeos) pela orla de Tambaú, quando fui atravessar o Hotel Tambaú, entre a calçada e a entrada de carros do hotel não há rampas e a calçada e bastante alta, ou pessoa vai até a entrada do Hotel fazendo um longo caminho ou suspende o carrinho que é bastante pesado, se tratando de gêmeos. Agradeço pela excelente leitura, achei pouco (rsrs) queria mais!!! Parte 5, 6 , 7, 8 ,9... (rsrs). Espero que volte em breve e venha conhecer outros lugares que não foste. Um abraço.

    Fernando.

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  2. É um prazer conhecê-lo, Fernando! Obrigada pelas palavras de incentivo!
    Também espero voltar e conhecer outros lugares...
    Se quiser mandar dicas, vou adorar!
    Abração

    ResponderExcluir

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