Rio de Janeiro para cadeirantes 4 – Praia acessível
Praia Acessível. Imagem do blog Mão na Roda. |
Todos que acompanharam meus
preparativos para a viagem ao Rio sabiam que uma das grandes motivações para o
passeio era conhecer o projeto Praia Acessível, promovido pela ONG Adapt Surf.
Tinha ouvido falar do projeto,
pela primeira vez, na novela Viver a Vida.
Não gosto de novelas, mas acompanhei esta por causa da personagem Luciana, que
era cadeirante. Em um dos capítulos, ela foi à praia com a mãe e a irmã, a fim de
conhecer o projeto e tomar um banho de mar.
Foi então que fiquei sabendo
que já havia, no Brasil, quem aplicasse a ideia de estender uma esteira na areia,
para a passagem de pessoas com dificuldade de locomoção, e de colocar à
disposição uma cadeira anfíbia, que não afunda na areia e flutua no mar. Simples
assim, mas algo que exige investimento financeiro e pessoal treinado para
oferecer assistência e segurança à pessoa com deficiência. Ou seja: é
necessário conscientização de que o acesso da PCD ao lazer é fundamental, e vontade
política de prover os meios necessários à implementação da ideia.
Desde o início de 2010 que
algumas cidades do litoral de São Paulo também oferecem o serviço, mas não
tenho notícias se lá as coisas funcionam adequadamente. Preciso conferir com os
cadeirantes paulistas e, claro, ir lá para ver. Vai para minha lista de boas
intenções.
Cadeira anfíbia. Imagem do site da ONG Adapt Surf |
Na semana em que viajaria,
entrei em contato por e-mail e por telefone com a Adapt Surf, para saber em
detalhes como participar. Fiz isso também porque a chuva estava marcando
presença em alguns dias; precisava saber se havia o risco de o programa ser
cancelado. Afinal, estava hospedada no centro; até o Leblon, onde acontece o
programa, eram muitos quilômetros…
Por e-mail, Raphael me
respondeu:
A Praia Acessível foi idealizada pela
ONG ADAPTSURF e funciona na praia do Leblon desde 2008, todos os
domingos do ano. Para participar, é só chegar no Leblon, em frente ao
posto 11, aos domingos, das 11 às 16 horas. Será um prazer em recebê-la. Um
grande abraço de toda equipe. Raphael.
Por telefone, falei com Felipe, que simpaticamente me garantiu que o programa só seria cancelado se as condições estivessem muito ruins.
Domingo de manhã, céu nublado,
nem o Twitter nem o Facebook da turma indicavam cancelamento das atividades. Josane
e eu pegamos o metrô até o terminal, em Ipanema. Pegamos o ônibus (que não era
acessível) até o Leblon. Andamos três quadras. Não estava chovendo, mas nublado;
pra quem, como eu, não curte muito nem sol, nem praia, era o tempo ideal. O trecho
é lindo, havia bastante gente, tudo muito animado.
Ao chegarmos em frente ao Posto
11, ao meio-dia, decepção total. Cadê a turma? Não havia ninguém uniformizado,
nem esteira, nem tendas, nem cadeira anfíbia. Nada. Perguntamos a dois policiais
que estavam no local o que havia acontecido; eles nos informaram que já havia
passado outro cadeirante perguntando pela turma, mas que eles não tinham
comparecido. Eu parecia uma criança a quem não tinham dado o brinquedo
prometido…
Simpática doceria no Leblon. Parece que saiu de um conto de fadas, né? |
Josane aproveitou para molhar
os pés na água do mar. Passeamos pelo belo bairro, almoçamos por lá, tomamos um
café numa simpática doceria e retornamos ao lar-hotel. Telefonaria para a ONG quando
retornasse a BH, a fim de saber o que havia acontecido. Olhei novamente as
páginas nas redes sociais: nenhuma informação.
Ao retornar, telefonei. Quem me
atendeu foi novamente o Felipe, que me informou que eles tinham comparecido sim,
mas juntaram tudo por causa da chuva, que era iminente. Disse a ele que, da
próxima vez, por favor comunicassem a decisão pelas redes sociais, a fim de evitar
frustrações. Afinal, eles estão lidando com os nossos sonhos… E #fato: não
choveu. Somente umas gotinhas, durante alguns minutos.
Que fique claro: não estou questionando o fato de o programa ter sido cancelado, possivelmente por causa das condições de segurança. Estou apenas dizendo que o fato precisa ser comunicado. Quem sabe, no site, no Facebook e no Twitter, não poderiam informar os números de telefone e pedir às pessoas que liguem antes de sair de casa/do hotel, a fim de confirmar se vai ocorrer a praia acessível naquele dia?
Bem, eu vou voltar ao Leblon,
assim que for possível. Não desisto nunca de algo que é importante para mim. Como
eu disse, não me interessa a praia, nem o sol: quero é fazer a experiência de
entrar no mar naquela cadeira! Mas, da próxima vez, pegarei os números dos
celulares da turma e ligarei antes de sair do hotel. E é isso que recomendo a
você também!
Para saber mais:
Luciana vai à praia - blog da personagem
Meus outros posts sobre esta viagem:
Olá
ResponderExcluirA AFLODIM (Associação Florianopolitana de Distrofia Muscular), gostaria de parabenizar vocês pelo trabalho ótimo que estão realizando, e estamos enviando este e-mail para divulgar nossa associação "que ainda está engatinhando", simplesmente por que não conhecemos numero expressivo de portadores de distrofia muscular, aqui em Florianópolis/SC, assim como explicamos no blog, nos encontramos em locais públicos uma vez por mês, para conversarmos e trocarmos experiencias de vida.
http://aflodim.blogspot.com/
Tivemos a ousadia de indicar o site de vocês em uma de nossas postagens, intitulada "Causos da Maricota: Maricota vai a praia".
Sejam bem-vindos! Desejo-lhes muito sucesso!
ResponderExcluirAmei este projeto, vi pela primeira vez na novela viver a vida apesar de não acompanhar novela, mas achei muito interesante e gostaria de saber como faço para participar!
ResponderExcluirEi, anônimo, tudo bem?
ExcluirAtualmente há praias acessíveis em vários locais, inclusive em Fernando de Noronha.
Deixo aqui três links para vc se informar. Copie e cole os endereços em seu navegado:
http://praiaparatodos.com.br/
http://www.adaptsurf.org.br/
http://www.parnanoronha.com.br/paginas/218-parque-nacional-marinho-ganha-praia-com-total-acessibilidade.aspx